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O futuro do meio circulante nacional

Mesmo com um mundo de possibilidades e novas moedas, dinheiro circulante ainda possui importância substantiva na economia brasileira

Com a evolução tecnológica, o papel-moeda vem perdendo espaço nas intermediações, dando lugar a cartões, celulares e smart watches (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
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Bússola

Publicado em 21 de março de 2022 às 11h20.

Por Antonio Everton Chaves Junior*

O dinheiro exerce uma função preponderante em qualquer sociedade. Cumprindo o papel histórico de facilitar as transações, possibilita o acesso aos bens e serviços necessários à existência humana, considerando que, com exceção do ar, todos os demais produtos são precificados. Com a evolução tecnológica, no entanto, o papel-moeda vem perdendo espaço nas intermediações, dando lugar a cartões, celulares e smart watches.

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Nesse sentido, o Pix é um exemplo recente que merece destaque. Devido à fácil e rápida operacionalidade, a criação do Banco Central do Brasil caiu nas graças das pessoas e segue evoluindo em suas modalidades — depois do Pix Saque e Pix Troco, está previsto para este ano o lançamento do Pix Aproximação, da possibilidade de parcelamento de compras e débito automático. Com o uso avançando, até mesmo para transações mais simples, um dos efeitos desse cenário é a redução do dinheiro em circulação e a economia com o gasto de papel e tinta para a confecção das cédulas.

Nesse processo de transformação das formas de pagamento, as criptomoedas têm exercido forte atração no Brasil e no mundo. Embora sejam parecidas com moeda, sem querer, ameaçam o sistema controlado pelos bancos centrais. E, mesmo que, algumas vezes, possam cumprir a função de intermediar o consumo, é importante chamar a atenção para o fato de que não se trata de unidades de conta ou tampouco possuem curso forçado regulamentado.

Ainda assim, à proporção que vão sendo aceitas, acabam criando mercados paralelos em que compradores e vendedores conseguem realizar suas transações, configurando um panorama arriscado.

No mês passado, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou o projeto de lei que normatiza as criptomoedas e estabelece um órgão fiscalizador para o setor. No entanto, o PL ainda seguirá para a Câmara dos Deputados e, depois disso, ainda precisará da sanção presidencial. Então, embora pareça o futuro, todo o cuidado ainda é pouco com esse tipo de aplicação.

Principalmente porque os governos e organismos regulamentadores mostram-se ressabiados quanto às operações e possíveis prejuízos causados no mercado. Além disso, essas moedas digitais podem atrapalhar a eficiência dos instrumentos de intervenção monetária, porque não são escriturais, bancárias, nem possuem a fidúcia, que seria a garantia oficial.

Por mais que se pense que o Pix e outras formas de transação eletrônica possam vir a substituir o dinheiro, ao observar a série da quantidade de cédulas e moedas até 2020, é possível identificar que o volume do meio circulante ainda é elevado (R$ 371,153 bilhões). Em períodos de inflação persistente e com tendência de alta, a impressão de cédulas tende a aumentar, assim como o seu valor.

Ano passado, circularam pela economia pouco mais de 8,55 bilhões de cédulas, resultando no montante de R$ 363,825 bilhões em espécie, que passaram pelos agentes econômicos. Moedas metálicas foram 27,861 bilhões, perfazendo total de R$ 7,325 bilhões. Em 2021, o meio circulante cresceu nominalmente cerca de R$ 90.600.211.085, aumento relativo perto de 32,3%, o maior da série histórica iniciada em 2011.

No fim das contas, os dados mostram que, mesmo que um admirável mundo de possibilidades e de novas moedas tecnológicas esteja proporcionando às pessoas a possibilidade de modificar seus hábitos de investimento, além de facilitar a realização de transações financeiras, o dinheiro circulante ainda possui importância substantiva na economia brasileira.

*Antonio Everton Chaves Junior é economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)

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