Em entrevista à Bússola, o CEO da Conti fala sobre mercado de real estate nos Estados Unidos. (TERADAT SANTIVIVUT/Getty Images)
Bússola
Publicado em 13 de setembro de 2021 às 18h17.
Oferecer mais uma opção de diversificação de investimentos para alocação de capital no exterior. Esse é um dos objetivos da Conti, uma das líderes em investimentos imobiliários em propriedades multifamily nos Estados Unidos, com a captação de US$ 150 milhões, por meio do Fundo IV, para incorporação no segmento que contempla novos apartamentos ou propriedades single-family construídas para locação.
Em entrevista à Bússola, o CEO da Conti, Carlos Vaz, detalha os objetivos do novo fundo de investimento e fala sobre o mercado de real estate nos EUA.
Bússola: Como foi a trajetória da Conti nos EUA e quais são os planos para investidores brasileiros?
Carlos Vaz: Fundamos a Conti em 2008, em Dallas, no Texas, com foco em investimentos em propriedades multifamily, categoria de moradia existente há mais de 100 anos no país. Desde então, acumulamos mais de US$ 1 bilhão sob gestão, captados por meio de três fundos e investidores em mais de 15 países, incluindo o Brasil, e investidores brasileiros que residem em outros países.
No Brasil, temos o objetivo de ser a melhor opção para investimento no mercado de real estate nos Estados Unidos para o investidor brasileiro. Para isso, em 2020, montamos um time de relações com investidores baseado em São Paulo, que é responsável pelo atendimento dos nossos cotistas, que já são cerca de 27% do total, e para a captação de novos investidores.
No total, com escritórios em Dallas e Miami, nos Estados Unidos, o time soma 250 profissionais altamente engajados e qualificados que atuam para buscar os melhores ativos para nossos investidores.
Bússola: Quais são os diferenciais deste novo fundo de investimentos com os já lançados pela gestora?
Carlos Vaz: A novidade do Fundo IV é que passamos a mirar como investimento as incorporações multifamily, que contemplam novos apartamentos ou propriedades single-family em construção para locação junto à aquisição de propriedades já existentes.
Temos como foco investidores qualificados, family offices e wealth managers no Brasil para uma captação de US$ 150 milhões para aplicação em sete ou oito propriedades. O retorno anualizado esperado para os investidores é de 10% a 14%, com vida útil do fundo entre quatro e cinco anos.
Bússola: Após a incorporação, qual é a atuação da Conti nas propriedades?
Carlos Vaz: Normalmente, compramos e verticalizamos a gestão da propriedade. Hoje são administradas 37 propriedades, sendo nove mil apartamentos e 21 mil inquilinos, com uma taxa de 96% de ocupação. Em média, as unidades têm 75 metros quadrados e o aluguel custa de US$ 1 mil a US$ 1,6 mil.
Bússola: Qual é o mercado para as unidades em propriedades nesse segmento?
Carlos Vaz: Para se ter uma ideia, desde 2010, o número de locatários nos EUA aumentou para 800 mil pessoas por ano e a expectativa é que haja demanda para a construção de mais 4,2 milhões de apartamentos até 2030. Esses dados vêm ao encontro da mudança de hábitos dos millenials (nascidos entre 1980 e 1994), que se casam cada vez mais tarde e que, além de não terem recursos suficientes para comprar uma casa, veem no aluguel uma alternativa de moradia permanente e que proporciona certa flexibilidade para potenciais mudanças, que são naturais para os norte-americanos e aumentaram consideravelmente depois da pandemia e da adoção do trabalho remoto ou modelos híbridos.
Do outro lado, é estimado que 50% dos americanos cheguem à faixa de 65 a 70 anos sem poupança. Com isso, identificamos a chamada “gray wave”. Composta por aposentados americanos que buscam o aluguel como alternativa permanente de residência por falta de recursos e reservas.
Bússola: A Conti possui forte atuação no Texas. Para o Fundo IV, a incorporação de novas propriedades seria também no estado ou há planos de expansão para outras regiões?
Carlos Vaz: As novas unidades serão construídas na região de Dallas, no Texas. Mas, nosso objetivo é ampliar os nossos investimentos no Sun Belt, uma faixa que compreende os estados da Georgia, Arizona, Flórida, Tennessee, Carolina do Sul e do Norte, entre outros ao Sul do país. Trata-se de uma região com um PIB de mais de US$ 6 trilhões e onde a população nos Estados Unidos mais cresce, criando demanda relevante para negócios imobiliários.
Com base na nossa experiência no mercado norte-americano, identificamos um pipeline de US$ 4,6 bilhões em ativos em todo o Sun Belt e em diversas regiões com ótimo potencial para investimento. Além disso, fatores como um ambiente pró-negócios, mão de obra qualificada, menor custo de vida e infraestrutura estabelecida são outras vantagens da região.
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