Pandemia trouxe um redirecionamento tecnológico ao setor, que impulsionou a transformação digital (Pexels/Fotos Públicas)
Bússola
Publicado em 28 de outubro de 2021 às 14h31.
Cuidado e proteção são termos que ganharam novos significados a partir da pandemia. Com os complexos desafios impostos pelo novo coronavírus, cresceu a preocupação do brasileiro com a saúde, o bem-estar da família e o futuro.
No ano passado, enquanto o ramo de serviços encolheu 7,8%, o mercado de seguros registrou crescimento de 1,3% em prêmios, segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Entre os tipos de seguro mais procurados pelos brasileiros, destaca-se o seguro de vida que, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), cresceu 17,4% só nos primeiros oito meses deste ano. Mas, o que esperar no pós-pandemia? Que tipo de mudanças e tendências permanecerão no setor de seguros? O que esperar do Open Insurance?
Estas foram algumas das questões discutidas pelos participantes da live, realizada nesta quarta-feira, 27, que contou com a participação do presidente da CNseg, Confederação Nacional das Seguradoras, Marcio Coriolano; da superintendente de produtos da MetLife Brasil, Paula Toguchi e do vice-presidente de produtos da EZZE Seguros, Edson Toguchi. Para eles, a transformação digital, o protagonismo cada vez maior dos clientes, o seu empoderamento, a queda na renda do brasileiro e a competitividade, com a oferta de produtos e serviços cada vez mais customizados, são alguns dos principais pontos que impactarão o setor de seguros a médio e longo prazos.
Para Marcio Coriolano, presidente da CNseg, Confederação Nacional das Seguradoras, associação que reúne as federações que representam as empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização, a pandemia trouxe um redirecionamento tecnológico ao setor, que impulsionou a transformação digital.
“Com a pandemia, caiu a ficha de que o risco existe, todos tiveram que se adaptar. O setor já tinha tecnologia embarcada, mas teve que adaptá-la para o acesso dos clientes e parceiros”, afirma Coriolano.
Para Paula Toguchi, superintendente de produtos da MetLife Brasil, após o covid-19 ficou mais evidente a importância de levar mais facilidade e agilidade ao dia a dia das pessoas, além da necessidade de serem criados seguros, que possam cobrir uma eventualidade que possa acontecer.
“Na MetLife passamos a olhar com muito mais atenção para a tecnologia com a implementação do reconhecimento facial, apostamos na abertura de processos e solicitações 100% online, não só para auxiliar os clientes, como para apoiar a equipe comercial neste período. O despertar na pandemia trouxe necessidades que podem acontecer durante incapacidades temporárias e, pensando nisso, criamos coberturas novas para o seguro de vida, como a proteção de renda por incapacidade temporária, que tem cerca de 68 doenças cobertas, desde doenças mais severas a mais simples. Além disso, introduzimos em quase todos os produtos a telemedicina, para trazer mais agilidade ao atendimento. Tudo isso está ligado ao que precisou mudar, ser mais ágil dentro do mercado para atingir a uma necessidade”, diz Paula.
A realidade para a Ezze Seguros, startup 100% brasileira que acabou de completar dois anos de mercado, não foi diferente. Apesar de já trabalharem de forma remota e com soluções digitais, para o vice-presidente de produtos, Edson Toguchi, a pandemia impulsionou o setor a apresentar rapidamente soluções em produtos e serviços para apoiar com rapidez o trabalho dos corretores.
“O mercado de seguros teve que se reinventar para oferecer novos produtos e serviços para o seu parceiro e seus clientes. Além de digitalizarmos os produtos e serviços, também abrimos filiais para fazer o atendimento ao corretor em outras capitais do país”, declara Edson.
Com o amplo acesso à informação por meio de plataformas digitais, o cliente tem nas mãos cada vez mais opções de produtos e serviços. Por outro lado, o baixo poder de compra do brasileiro, com a alta do desemprego e a perda da renda, irá exigir das empresas de seguros adaptações para levar a ele aquilo que ele espera.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na data de hoje, a taxa de desocupação do Brasil ficou em 13,2% no trimestre, encerrado em agosto, e houve uma queda de renda de 10,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
“É preciso efetivamente uma combinação de inovação, que não é só tecnológica, é também de modelo mental, de trabalho. Será preciso redobrar esforços para conquistar este consumidor que perdeu a renda. Temos agora um consumidor que sabe fazer escolhas de uma forma que ele não sabia antes, ele está mais empoderado”, diz Marcio Coriolano.
Para driblar este desafio de traduzir e simplificar o valor dos seguros para este cliente cada vez mais empoderado, é importante que as empresas se atentem à comunicação, ou seja, levem para o cliente mais detalhes sobre o que ele está comprando. Para Paula Toguchi, da MetLife, as empresas deveriam ter o compromisso de explicar, de forma clara, o que é entregue por um seguro de vida.
“Quando estamos desenvolvendo produto precisamos pensar não só na informação que levaremos ao consultor, mas também que o cliente, que está recebendo a informação, precisa entender o que está comprando. Ou seja, traduzir de uma maneira muito mais clara para ele entender o que impacta no pagamento do sinistro. Este é o grande desafio que surgiu na pandemia e que persiste, como simplificar esta linguagem”, afirma Toguchi.
Para Edson Toguchi da Ezze Seguros, a pandemia também foi uma oportunidade de humanizar as relações e os processos. As pessoas e as empresas tiveram que desenvolver mais empatia, se colocar no lugar do outro e olhar a necessidade do outro.
“Nós passamos a olhar para a nossa realidade e a pensar no que precisávamos oferecer e desenvolver para atender aquilo que o cliente estava esperando. Isso foi um impulsionador e um modelo de pensar que deve continuar”, afirma Edson Toguchi.
Com o marco regulatório e o Open Insurance a expectativa dos debatedores é que o cliente seja, cada vez mais, o centro das atenções com um ambiente cada vez mais competitivo. A portabilidade e a oferta de produtos trarão inovações neste sentido.
“Ninguém pode ser contra uma ferramenta que vá ao encontro de eficiência, efetividade e transparência. Desde que seja planejado, discutido e organizado com todos os players do setor, inclusive os corretores, o Open Insurance tem tudo para ser positivo e o maior ganhador dele será o cliente, que terá mais informações e opções de produtos e serviços”, diz Marcio Coriolano.
Para Paula Toguchi, além da questão da regulamentação, ele vai melhorar a indústria e a vida do consumidor final.
“O Open Insurance vai trazer um ecossistema, que possibilitará ao consumidor não só escolher, mas a olhar condições e ter acesso a alternativas e aos serviços disponíveis. Será uma oportunidade de acelerarmos cada vez mais o setor de seguros”, declara.
Já Edson, da EZZE Seguros, acredita na adaptação rápida para o setor. “Se compararmos com outros mercados, como a indústria têxtil e a indústria de alimentos, vemos que eles se adaptaram lá atrás às inovações que vieram. Por que não no mercado de seguros? A ferramenta do Open Insurance realmente é interessante”, diz.
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