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Gestão de pessoas: benefícios flexíveis abrem novas oportunidades

Para CEO da Caju, a área de Recursos Humanos tem se tornado cada vez mais estratégica nas empresas e os benefícios viraram ferramentas para atrair talentos

Gestão de pessoas (Thinkstock/Thinkstock)

Gestão de pessoas (Thinkstock/Thinkstock)

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André Martins

Publicado em 27 de novembro de 2020 às 15h04.

Até cinco ou dez anos atrás, a área de Recursos Humanos era vinculada a processos administrativos e burocráticos. Os benefícios também, quase como uma commodity. Quando um candidato ia fazer uma entrevista, por exemplo, já sabia que o pacote de benefícios era sempre o mesmo, sem poder de escolha. E depois de contratado, ele sabia que seria sempre da mesma forma: era aquele valor a receber e pronto. Ele não via nos benefícios um diferencial competitivo da empresa.

No entanto, as áreas de Pessoas, Gente & Gestão, e tantos nomes que podemos ter para os Recursos Humanos, vêm ganhando uma importância cada vez maior na estratégia do negócio. Uma evidência é o papel de HRBP (Human Resources Business Partner), profissional responsável por tratar das necessidades das pessoas dentro das empresas.

Mais recentemente, a reforma trabalhista de 2017 trouxe mudanças significativas, permitindo a flexibilização da oferta de benefícios pelas empresas, dentro dos critérios definidos conforme os acordos coletivos sindicais para cada área de atuação, e regulamentando o teletrabalho (home office). Somado a isso, neste 2020 tão diferente e atípico, a pandemia acelerou a digitalização dos processos de gente (admissão, desligamento, avaliações, feedback etc.).

O resultado é que hoje já se fala inclusive de RH 4.0, com uma visão mais automatizada dos processos de RH. Esse movimento se intensificou com a chegada das HRTechs, startups que dão suporte aos profissionais de Recursos Humanos nos pilares de atuação da área: recrutamento e seleção, desenvolvimento e gerenciamento de talentos e administração de RH. As HRTechs têm ajudado de forma definitiva nos processos, aumentando o leque de opções, as possibilidades e potencializando a ação para um viés mais estratégico – inclusive para os benefícios. De acordo com estudo da Distrito, são 373 HRTechs no Brasil hoje, a maioria (42,9%) voltada para desenvolvimento e gerenciamento de talentos, seguida por recrutamento e seleção (28,2%) e HR Core (administração), com 25,5%, Operações (2%), HRMS (1,3%) e Onboarding (0,3%). Há, ainda, um boom de novos negócios inovadores no mercado de RH entre 2014 e 2018, quando surgiram 85,2% dessas empresas.

Os dados mostram que o RH ocupa um lugar cada vez mais estratégico nos organogramas das empresas e a gestão de benefícios se tornou mais relevante, fato que ganhou força com a mudança de hábitos de consumo dentro de casa durante a quarentena. Os benefícios são ferramentas importantes de atração e retenção de talentos, e estão mudando a visão dos colaboradores sobre fatores decisivos para tornar uma empresa interessante para se trabalhar. As startups de RH vêm trazendo soluções inovadoras e vêm transformando um mercado que, historicamente, é tido como bastante engessado e que pouco evoluiu.

Um caso muito legal que gosto de citar é o da Loft, que implementou um pacote de mudanças ao longo da pandemia para os funcionários, o que resultou em índices expressivos de satisfação, 19% acima da média de mercado. A adesão ao modelo de benefícios flexíveis faz parte desse processo de reconstrução do engajamento no atual cenário. Com os benefícios flexíveis, a empresa entende que o momento de vida de cada colaborador é muito particular, bem como suas necessidades. A Loft passou a oferecer categorias de benefícios, como refeição, alimentação, mobilidade, cultura, saúde e educação, para o colaborador ter liberdade de utilizar da melhor forma, sempre respeitando as regras definidas pela empresa. Além disso, também passou a oferecer o saldo livre, que é uma categoria em que as empresas costumam utilizar para auxílio home-office e bonificações, por exemplo.

O colaborador precisa ser o grande foco nas prioridades de todas as empresas. É necessário entender suas individualidades, dar oportunidades, e permitir que eles cresçam junto com o negócio. Claro que cada empresa tem sua cultura e sua forma de atuar, mas a área de gente, em grande parte, está em um momento de avanço e disposta a testar soluções. Acredito fortemente nesse modelo, sou um entusiasta de testar e aprender. Empresas são diferentes e uma coisa que dá certo em uma pode não funcionar em outra. Não há problema algum nisso. O problema não é testar e errar. O risco maior é ficar parado e não avançar.

* Eduardo del Giglio é economista, fundador e CEO da Caju, empresa de benefícios que vem mudando o mercado

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