Medalha de Rayssa Leal reacende paixão pelo skate. (Toco Williams/Reprodução)
Bússola
Publicado em 28 de julho de 2021 às 14h56.
Por Cauê Madeira*
Comecei com o skate em pleno ano 2000 – na época eu tinha 14 anos. Deslizei pelos muros e corrimãos da escola, desbravei algumas ruas da Califórnia, invadi hangares abandonados. No fone de ouvido o som de Dead Kennedys, The Suicide Machines e Goldfinger ditava cada manobra que, verdade seja dita, eu executava sem grande dificuldade. Ollie, hardflip, 50-50, nosegrind. Até o famoso 900 não demorou muito pra dominar e botar em prática.
Vejo pouca diferença entre o que Rayssa Leal — a atleta brasileira de 13 anos — executou essa semana em Tóquio e o que eu fazia aos 14 anos. As discrepâncias são basicamente duas: ela tem uma medalha olímpica, eu não; e ela sabe realmente andar de skate, eu realizava minhas manobras apenas no videogame.
Tony Hawk Pro Skater, o jogo que permitia a você encarnar campeões da modalidade, foi lançado em 1999 para PlayStation 1. Um título decisivo para a popularização do skate no mundo. Primeiro, porque era um jogo legal e bem feito. Após o lançamento e relativo sucesso dos títulos Streek Sk8er (Electronic Arts) e Top Skater (da Sega), a distribuidora Activision quis embarcar nesse nicho crescente. Segundo, porque contou com a consultoria de skatistas reais — desde o campeão Tony Hawk, que dava nome ao game, até Bob Burnquist, o skatista brasileiro que também colaborou muito para divulgar a modalidade por aqui.
Eu e milhares de jogadores ficamos fissurados. O segundo título, Tony Hawk Pro Skater 2 (2000) é considerado o segundo melhor game de todos os tempos pelo site de crítica especializada Metacritic, perdendo apenas para Zelda: Ocarina of Time.
Mais do que a jogabilidade, o game se consolidou como uma grande influência cultural. Antes dele, praticamente todas as gerações de console pré-PlayStation tiveram pelo menos um título ligado a skate, desde o Atari. Mas nenhum alcançou esse patamar de hit cult que acabou por impulsionar tanto a modalidade ao redor do mundo. Para começar, várias bandas de punk rock, hardcore e ska incluídas na trilha sonora se popularizaram muito.
O próprio Tony Hawk, que antes era mais conhecido dentro de seu nicho específico do skate, rompeu a bolha e se tornou uma celebridade conhecida mundialmente. O jogo também foi um marco de estilo e moda, visto que os personagens emulavam as vestimentas e looks escolhidos pelos próprios atletas em que foram baseados.
Legal, mas agora que eu vi a Rayssa quebrando tudo nos Jogos Olímpicos, fiquei com vontade de jogar algum título relacionado ao videogame. Por onde começo?
Certo, vamos lá.
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox One X, Nintendo Switch
Após alguns anos e continuações boas, mas não tão bem sucedidas, a franquia voltou às suas origens ano passado, lançando uma versão remasterizada dos dois primeiros e mais populares jogos, adaptados para as plataformas mais atuais. O jogo retorna com todas as pistas e personagens dos títulos originais e praticamente a mesma trilha sonora – incluindo uma novidade: uma música do Charlie Brown Jr. com Chorão, reforçando a posição de entusiasta e divulgador do skate no Brasil, uma homenagem póstuma muito pertinente ao cantor da baixada santista falecido em 2013. Aliás, já tem uma petição para incluir Rayssa Leal como jogadora.
Plataformas: iOS (iPhone, iPad), Android
Há centenas de jogos relacionados a skate disponíveis nas lojas digitais da Apple e do Google. Mas a quantidade de títulos ruins impressiona. Acabei decidindo pagar pelo jogo True Skate na AppStore (saiu R$10,90) e me surpreendi positivamente. É bem divertido. Remete aos "skates de dedo" (outra febre dos anos 2000), trazendo para a tela do celular a experiência de conduzir sua prancha sobre rodas em alguns cenários muito bem feitos. As manobras não são tão complicadas de realizar, é um bom passatempo, mas a trilha sonora é meio pentelha. Já que é pelo celular, você pode ouvir a trilha sonora de Tony Hawk no seu serviço de streaming musical favorito.
Plataformas: iOS (iPhone, iPad), Android
É um jogo divertido, gratuito, mas conta com alguns bugs. Eu me esforcei para encontrar bons jogos free-to-play, e Skateboard Party 2 é o melhor entre os mais de 10 que testei. Dá pra passar tempo, tem 8 cenários que você pode destravar e é possível fazer algumas manobras interessantes sem muito esforço. Tem uma tradução bem tosca para o português, então prefira outros idiomas. Na tela de alguns celulares pode ficar um pouco distorcido. Mas é um bom começo para brincar um pouco e, quem sabe, adquirir um dos jogos sugeridos acima.
*Cauê Madeira Sócio-diretor da Loures Consultoria
**Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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