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Futuro, tecnologia e clima: Em busca de novos líderes e exemplos

É um ledo engano acreditar que todas as maiores inovações do mundo, em especial, o advento de grandes tecnologias digitais será a nossa salvação

Práticas ESG, tão propagadas nos últimos tempos, são fundamentais, mas o mundo pede mais (Reprodução/Reprodução)
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Bússola

Publicado em 23 de janeiro de 2022 às 11h37.

Última atualização em 23 de janeiro de 2022 às 13h57.

Por Hugo Tadeu*

Não existe futuro para a nossa sociedade sem um clima adequado, natureza respeitada e maior dignidade humana. É um ledo engano acreditar que todas as maiores inovações do mundo, em especial, o advento de grandes tecnologias digitais será a nossa salvação. Ousaria dizer que estas ditas tecnologias computacionais estão nos livrando de um problema maior, porém, circunstancial.

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Inúmeras pesquisas sérias e com alto nível de profundidade técnica têm sido publicadas nos últimos anos, destacando os riscos para o aumento da temperatura, cenários possíveis preocupantes para o aumento das chuvas, secas frequentes, problemas com fornecimento de água, energia e desafios para o crescimento econômico.

Além destes fatores, tem-se o risco de novas epidemias, como a covid-19. Aliás, um interessante artigo com o título “Prediction and prevention of the next pandemic zoonosis”, publicado em 2012 no prestigiado periódico The Lancet, sugeria uma relação entre o aumento das temperaturas e riscos causados por vírus.

No entanto, a comunidade internacional insiste em postergar decisões importantes. Por exemplo, um dos grandes responsáveis pelos atuais desafios climáticos é o setor de transportes, com emissões gigantescas de combustíveis fósseis todos os dias na nossa camada atmosférica. Seguido deste setor, está o agronegócio, estimulando o consumo de produtos com ampla demanda por terras, consequentemente desmatamento e impacto no planeta. Seria possível listar outros setores e importantes desafios.

Enquanto isto, existem esperançosos com as novas tecnologias digitais, sugerindo que se vive na dita singularidade e com ganhos para o planeta. Será? Até quando será aceito apelo único por novas tecnologias, enquanto existem desafios relacionados ao comportamento das pessoas, mudanças culturais importantes, desafios quanto ao modelo consumista, formas de crescimento e claro, os tradicionais incentivos econômicos.

As práticas ESG, tão propagadas nos últimos tempos, são fundamentais, mas o mundo pede mais. Pede-se uma revisão nos modelos de produção, nos indicadores financeiros das empresas e uma maior responsabilidade das autoridades públicas em busca por um senso de mudança.

Como diria Churchill, em um momento importante da segunda Guerra Mundial “se pudermos resistir..., toda a Europa poderá ser livre e a vida no planeta poderá seguir adiante para horizontes abertos e ensolarados.

Mas, se nós cairmos, então o mundo inteiro..., incluindo tudo que conhecemos e do que gostados, vai afundar no abismo de uma nova Idade das Pedras, ainda mais sinistra e talvez mais prolongada pelo uso de uma ciência pervertida”. O inimigo na época era Hitler, hoje talvez, sejamos nós os algozes do planeta pedindo salvação. Precisa-se de novos líderes, exemplos e caminhos alternativos rumo ao futuro.

*Hugo Tadeu é professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral.

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