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Estudo comprova alta dose de proteção de vacinas de covid usadas no Brasil

Imunidade de rebanho ainda levará alguns meses e há quatro estados com números em alta

Vacinação  (Eduardo Frazão/Exame)

Vacinação (Eduardo Frazão/Exame)

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Publicado em 31 de agosto de 2021 às 12h30.

Última atualização em 31 de agosto de 2021 às 12h47.

Por Marcelo Tokarski*

O mundo discute hoje a necessidade de se aplicar uma terceira dose das vacinas contra a covid-19. Alguns estudos têm apontado a queda na eficácia da vacina após alguns meses de completo o ciclo de imunização. Países como Israel estão em plena aplicação da dose extra, e o Brasil já anunciou que em meados de setembro dará início ao reforço em idosos e profissionais da saúde, justamente os dois públicos que foram imunizados primeiro.

Mas, a despeito da aplicação em massa ou não dessa dose extra, o que temos visto é uma melhora acentuada do quadro da pandemia no país, mesmo com apenas 28,3% da população totalmente imunizada (com as duas doses ou dose única). À medida que a vacinação avança, os números nacionais de casos e mortes por covid-19 seguem em queda no país. E isso tem a ver com o alto grau de eficácia das vacinas, aponta estudo feito pela Fiocruz com os dados de mais de 75 milhões de brasileiros imunizados.

Primeiro, vamos às estatísticas da pandemia. Nesta segunda-feira, 30, foram registrados 266 óbitos, o número mais baixo desde meados de dezembro. Com isso, a média móvel de mortes chegou a 675 por dia, o menor patamar desde 30 de dezembro do ano passado. A média de casos (24.041 ao dia) também é a mais baixa desde 12 de novembro do ano passado.

A queda nos indicadores nacionais reflete a melhora na maioria dos estados. Ao todo, em 16 unidades da Federação o número de mortes está em queda, com estabilidade em outros sete (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Bahia, Espírito Santo e Distrito Federal).

A má novidade da semana é que, em quatro estados, voltou a haver alta na média móvel de mortes, na comparação com duas semanas atrás. O caso que mais chama a atenção é o do Rio de Janeiro, mas também há piora de cenário na Paraíba, em Sergipe e no Acre. Mas, por enquanto, nada indica que a situação possa sair do controle nesses locais.

Alta proteção

O fato é que a população hoje já imunizada com as duas doses está bastante protegida. Estudo divulgado pela Fiocruz na última sexta-feira mostra a alta eficácia das duas principais vacinas em uso no país: a AstraZeneca, produzida pela própria Fiocruz, e a Coronavac, fabricada pelo Instituto Butantan. Juntas, as duas representam 80% das doses destinadas aos brasileiros.

De acordo com o estudo, quem já recebeu as duas doses da AstraZeneca tem 73% de proteção contra a doença, de 88% contra a necessidade de hospitalização, de 89% contra necessidade de internação e 90% contra óbito. No caso da Coronavac, os percentuais são, respectivamente, 53%, 73%, 74% e 74%.

O problema é que esses percentuais de proteção só são atingidos com o ciclo completo. Hoje, apenas 28,3% dos brasileiros têm esse patamar de proteção. Quem tomou a primeira dose e está à espera da segunda (hoje são 32,3% da população) tem algum grau de imunidade, mas em nível bem menor. Como o gap entre as duas doses da Coronavac é de 21 dias e o da AstraZeneca é de quase três meses, podemos projetar que provavelmente só chegaremos a pelo menos 70% da população completamente imunizada no final do ano.

Ou seja, até lá ainda viveremos sob a sombra das novas variantes e da possibilidade de uma terceira onda.

*Marcelo Tokarski é sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.

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