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Entenda como a moda pode transformar a vida das pessoas

Práticas ambientais, sociais e de governança da Riachuelo mudam a vida de vilas do sertão e de mulheres em situação de vulnerabilidade

Loja da Riachuelo, em São Paulo: consumidores querem saber a origem das peças (Riachuelo/Divulgação)
GS

Gabriella Sandoval

Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 17h33.

Última atualização em 22 de dezembro de 2020 às 18h23.

Nevaldo Rocha tinha 12 anos quando juntou todo o dinheiro que conseguiu deixando de comprar doces na mercaria local, subiu num pau de arara e deixou a cidade de Caraúbas (RN) em direção à capital, Natal. Em 1947, fundou, ao lado do irmão Newton, a loja de roupas A Capital, embrião do grupo Guararapes, há mais de quatro décadas proprietário das lojas Riachuelo.

A empresa hoje mantém mais de 300 lojas, com mais de 40 mil colaboradores, sendo mais de 70% mulheres. Está presente em todo o Brasil, mas jamais esqueceu as origens do fundador, que faleceu em 2020, aos 91 anos. Ainda hoje, a empresa permanece fiel às origens. Mantém duas fábricas em Fortaleza e Natal, com parcerias com 72 oficinas de costura instaladas no sertão do Rio Grande do Norte, integrantes do Programa Pró-sertão criado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado em 2013, em parceria com a Federação das Indústrias (Fiern) e Sebrae/RN.

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“O maior prazer do meu avô era trabalhar e gerar empregos”, afirma a neta, Marcella Kanner, que é head de comunicação e marca da Riachuelo. “Ele não tinha mais do que um par de sapatos e cinco camisas no guarda-roupas”. Foi em 2020 também que começou a sair o papel o plano de fundar o Instituto Riachuelo, um sonho antigo do fundador.

Economia circular

“Sempre tivemos um olhar atento para questões sociais, e sabíamos que em algum momento o instituto iria acontecer. Com a morte de meu avô, resolvemos agilizar esse sonho”, explica Kanner. Com o instituto, a empresa pretende levar adiante suas ações de apoio às comunidades do interior do estado natal do fundador. “Queremos convidar outras empresas têxteis a utilizar as costureiras do sertão”, diz.

Enquanto desenha o Instituto Riachuelo, a empresa mantém outras iniciativas na área de ESG, sigla em inglês que faz referência às práticas ambientais, sociais e de governança. “Para 2021, vamos atuar principalmente em três frentes”, anuncia Valesca Magalhães, gerente de sustentabilidade da Riachuelo.

Uma delas é a sustentabilidade das matérias-primas dos produtos e em processos produtivos menos impactantes (energia renovável e menos químicos, por exemplo). “Nossos consumidores dizem: quero saber de onde vem essa roupa. E não basta a empresa dizer, ela precisa provar”. Em coerência com essa meta, a companhia participa de ações de monitoramento da origem de produtos têxteis, como o Moda Livre e o Índice Fashion Revolution.

A outra frente é fortalecer a atuação em mudanças climáticas, inventariando todas as emissões de gases de efeito, que passam a ser realizadas pela empresa anualmente. Já a terceira é focada no ciclo de vida dos produtos. “Concebemos um programa de economia circular. Colocamos coletores para que clientes e colaboradores possam doar roupas, sapatos e acessórios em 96 de nossas lojas, com o objetivo de alcançar todas em 2021”, afirma.

Realizada em parceria com a organização da sociedade civil Liga Solidária, a ação tem por objetivo prolongar a vida útil dos itens de vestuário. “A Riachuelo chegou para coroar um processo”, afirma Sudária Emília Bertolino, coordenadora do Bazar social da Liga Solidária, que desenvolve nove programas de educação, cidadania e longevidade para mais de 13.000 crianças, adolescentes, adultos e idosos.

As roupas doadas são vendidas a preços simbólicos. Aquelas que não estão em bom estado são recicladas. “Muitas peças viram cobertores. Seguimos o princípio da economia circular, em que nada é descartado”, diz Bertolino.

Ações pela autoestima

Comprometida em garantir a sustentabilidade de seus produtos e a qualidade de vida de seus colaboradores, a Riachuelo lançou ainda uma coleção com corante natural. Também se tornou parceira da Better Cotton Initiative (BCI), uma organização global, sem fins lucrativos, que certifica o processo de produção do algodão.

A companhia também apoia o projeto Free Free, conduzido pela empreendedora social Yasmine Sterea. “Nosso objetivo é ressignificar a experiência das mulheres, especialmente, mas não só, aquelas em situação de vulnerabilidade”, afirma ela. Em dois anos de atividades, o projeto alcançou, em suas campanhas de conscientização, mais de 3 milhões de pessoas, sendo que 10 mil mulheres foram pessoalmente impactadas pelas ações.

“Não trabalhamos com empresas no curto prazo, queremos parcerias para ações de longo alcance. E a Riachuelo participa em todas as nossas ações, desde o início”, diz Sterea. “Somos dez pessoas tocando o dia a dia do projeto. Sem o suporte da iniciativa privada, não chegaríamos a tantas pessoas”.

E assim a companhia persegue seu propósito, desenhado pelo fundador no sertão do Rio Grande do Norte: transformar vidas através da moda.

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