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Empresas têm que olhar para saúde mental o ano todo, não só em setembro

Em 2020, mais de 576 mil pessoas solicitaram auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez devido a transtornos mentais

O profissional que tem sintomas de esgotamento deve procurar ajuda. (Getty Images/Reprodução)
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Bússola

Publicado em 13 de setembro de 2021 às 18h05.

Por Flavia Rezende*

“Apaga esse comentário, esqueceu que é setembro amarelo?”. Tenho lido essa brincadeira pela internet desde o começo do mês e, apesar do tom de piada, ela reflete uma tendência real. Nem sempre lembramos que a saúde mental é um fator que merece atenção constante, principalmente no ambiente de trabalho.

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Apesar de ter sido incluída na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) apenas em 2019, a Síndrome de Burnout já afetava 30% da população economicamente ativa antes da pandemia, de acordo com estimativa do International Stress Management Association (ISMA-BR).

Durante o isolamento, a dificuldade em separar trabalho e vida pessoal fez crescer o número de profissionais esgotados. Em 2020, mais de 576 mil pessoas solicitaram auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez devido a transtornos mentais, o maior número já registrado pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.

A Síndrome de Burnout não é o único distúrbio psicológico que afeta os trabalhadores, mas está entre os mais importantes. A doença é caracterizada pelo esgotamento emocional que surge a partir de uma rotina estressante em qualquer ramo ou profissão. Alguns sintomas são mudanças de humor e irritabilidade, baixa autoestima, dificuldade de concentração e perda de prazer pelas atividades que costumavam ser agradáveis.

Há ainda os problemas físicos, como dores de cabeça, taquicardia, insônia ou sonolência. Esses sinais poderiam ser percebidos mais facilmente pela empresa, mas o trabalho remoto tornou ainda mais difícil reconhecer um profissional com indícios do transtorno, assim como virou um desafio promover adaptações que garantam qualidade de vida ao colaborador.

O problema já é abordado com mais frequência e assertividade pelas empresas atualmente. Muitas investem em programas de saúde que incluem terapia online, meditação e ginástica laboral à distância. Além dessas medidas, a própria liderança deve estar atenta aos sinais de alerta, como quando a hora extra se torna hábito de um colaborador – um dos primeiros indícios do Burnout é justamente o aumento da jornada de trabalho, causada pela cobrança em se tornar mais produtivo.

Do outro lado, o profissional que tem sintomas de esgotamento deve procurar ajuda. O diagnóstico e o tratamento devem ser feitos sempre por um especialista. Algumas atitudes no dia a dia podem ajudar, como a prática de atividades físicas ou relaxantes. O home office, mesmo sendo um dos responsáveis pelo aumento nos índices de problemas mentais, também tem seus pontos positivos e permite incluir na rotina diária alguns momentos de descompressão. Mesmo antes de qualquer problema emocional, é importante estar atento à saúde mental. Por isso mesmo, as discussões sobre o tema devem fazer parte da rotina das empresas. E não só em setembro.

*Flavia Rezendeé Sócia-Diretora da Loures Comunicação

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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