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Educação digital exige priorizar alunos e interagir com professores

Live reuniu empresários de educação e terceiro setor para debater aprendizagem e trabalhabilidade; juntas, marcas impactam mais de 360 mil estudantes

Live reuniu empresários de educação e terceiro setor para debater aprendizagem e trabalhabilidade; juntas, marcas impactam mais de 360 mil estudantes (Carol Yepes/Getty Images)

Live reuniu empresários de educação e terceiro setor para debater aprendizagem e trabalhabilidade; juntas, marcas impactam mais de 360 mil estudantes (Carol Yepes/Getty Images)

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André Martins

Publicado em 24 de março de 2021 às 17h14.

Última atualização em 24 de março de 2021 às 17h29.

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“Esse ao vivo tem certificado com horas no final?” A pergunta feita por uma espectadora que assistiu à live da Bússola sobre educação nesta quarta-feira demonstra como as marcas do setor precisam ouvir e solucionar as necessidades dos consumidores de conhecimento.

Encontrar formas mais efetivas de usar a tecnologia para entregar serviços e produtos que desenvolvam pessoas das mais variadas idades e áreas de atuação é um dos maiores desafios da educação, segundo representantes da área e do terceiro setor.

Nesta terça-feira, 24, no webinário “Trabalhabilidade: Qualificação e empreendedorismo pós-Covid”, especialistas debateram o que levar em consideração nos novos modelos pedagógicos que tornem estudantes e aprendizes mais flexíveis para as necessidades do mercado de trabalho. Participaram da conversa a multinacional britânica Pearson, a Ser Educacional, a Cloe e a Fundação Estudar. Juntos, os quatro representantes impactam mais de 360.000 estudantes.

Para Jonas Andrey, vice-presidente de estratégia, dados, inovação e marketing da Pearson, maior empresa do setor no mundo, o mercado precisa ter como prioridade o comportamento dos aprendizes. “Nossa capacidade de adaptação é fundamental. Precisamos ajudar no elo”, diz. Para o executivo, diante das infinitas possibilidades que as pessoas têm para aprender, a iniciativa privada tem a missão de criar plataformas digitais adaptadas às novas rotinas impostas pela pandemia.

Em 2020, a multinacional britânica ouviu 7.000 pessoas em todo o planeta, incluindo o Brasil, para identificar as percepções e expectativas sobre o futuro da aprendizagem. O estudo apontou para uma compreensão geral de que a pandemia vai deixar marcas permanentes na educação e na busca por habilidades específicas.

“Quase 90% das pessoas acreditam na maior presença [da educação] online. No Brasil, 59% temem uma mudança na carreira por conta da pandemia.” O levantamento anual comprova que pessoas entre 16 e 70 anos querem soluções rápidas, no formato de “educação self-service” com cursos de curta duração, adaptáveis às rotinas do dia a dia e que ofereçam conhecimento prático.

Requalificação através de educação é também uma das preocupações de Jânio Diniz, CEO do grupo Ser Educacional. “Tudo é feito pensando em como o aluno vai aprender”, afirma o empresário que atua diretamente no ensino superior.

Segundo ele, a empresa, que leva soluções de graduação, pós-graduação e ensino técnico para 180.000 pessoas, fez mudanças significativas, aceleradas pelo coronavírus. “O grupo, ainda em março de 2020, parou suas atividades e migrou os processos de aulas para o formato remoto, seguindo a rotina do aluno. O processo de transformação começou em 2017, o que auxiliou a transição.”

A crise sanitária fez a organização tirar do papel, transferindo para plataformas digitais, as soluções de requalificação já programadas. “O aluno pode fazer até dois cursos em 24 meses, o que faz com que ele possa se aprimorar profissionalmente, dentro das necessidades do mercado dele, da empresa em que ele atua ou de projetos pessoais.”

O grupo também enxerga que mudanças bruscas de carreira, o que segundo Diniz acontece com mais frequência nas novas gerações, demandam dos consumidores e estudantes soluções de curta duração que desenvolvam habilidades específicas.

Mas, para que futuros adultos do mundo pós-covid estejam preparados para mudanças rápidas do volátil século 21, é necessário que as crianças de hoje aprendam não apenas a ler e escrever digitalmente como também interagir nas aulas do ensino básico. Essa foi a ponderação de Fernando Shayer, fundador da Cloe, plataforma digital que busca democratizar o acesso dos estudantes a uma aprendizagem digital.

“O engajamento é um grande desafio. Ter uma atividade baseada em interação e resolução dos problemas rotineiros é uma grande sacada para manter os alunos atentos”, diz. “A tecnologia pode, sim, facilitar essa integração, mas ainda existe o desafio de incluir essa cultura no mindset da sociedade. Agora é o momento de criarmos produtos sólidos e customizados para oferecermos aos alunos e professores as melhores soluções para a aprendizagem de todos os níveis.”

Dilemas do mercado da tecnologia

A revolução tecnológica e como jovens potenciais se relacionam com recrutadores de empresas que buscam esse tipo de profissional foi tema da pesquisa “Talentos e o Mercado de Tecnologia”, da Fundação Estudar.

A organização criada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira constatou que trabalhadores que já atuam nesse setor sentem a necessidade de buscar justamente habilidades que os recrutadores procuram.

“Quase 60% dos profissionais com quem conversamos, que desejam trabalhar na área de tecnologia ou que já atuam, não têm formação em engenharia da computação, ciência da computação e dados. Os outros 40% que já têm alguma formação na área estão insatisfeitos com os conhecimentos adquiridos até então”, diz Patricia Aguiar, gerente da rede de líderes da Fundação Estudar.

Por mais que as necessidades dos estudantes tenham sido o norte do webinário, a especialista acredita que as próprias marcas empregadoras também precisam aprender a buscar pessoas já providas de habilidades específicas.

“O jovem se sente instigado e atraído pelo mercado de tecnologia e tem buscado formas diferentes de aprender. E do lado do mercado de trabalho as empresas demonstram uma dificuldade de não conseguir chegar nos talentos de tecnologia. O acesso ao jovem é uma dor. De um lado, os jovens querem, do outro as empresas não conseguem chegar”, finaliza.

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