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Covid: 3ª onda tem recuado mais rápido, mas não é o fim da pandemia

Em ritmo menor de crescimento, a curva de contágio da ômicron no Brasil vem desacelerando fortemente nos últimos dias

Neste domingo, a média móvel de novos casos chegou a 134.130, volume 28% inferior ao registrado há duas semanas (Fabio Teixeira/Anadolu Agency/Getty Images)

Neste domingo, a média móvel de novos casos chegou a 134.130, volume 28% inferior ao registrado há duas semanas (Fabio Teixeira/Anadolu Agency/Getty Images)

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Publicado em 14 de fevereiro de 2022 às 18h41.

Última atualização em 14 de fevereiro de 2022 às 18h50.

Por Marcelo Tokarski*

Depois de continuar subindo, mas em ritmo menor de crescimento, a curva de contágio provocado pela ômicron no Brasil vem desacelerando mais fortemente nos últimos dias. Ainda seguimos com alto nível de contaminação, mas a trajetória descendente é hoje mais intensa do que quando a terceira onda se alastrava por aqui.

Os dados confirmam a previsão, assim como já ocorrera em outros países, de que o pico no número de casos chegaria muito rápido, mas também declinaria velozmente. Ainda merece atenção o atual patamar de novos casos, que apesar da queda ainda é muito alto, e principalmente a média móvel de mortes, mas a tendência é que nas próximas semanas este indicador também comece a recuar.

Neste domingo, a média móvel de novos casos chegou a 134.130, volume 28% inferior ao registrado há duas semanas. São 51.463 casos a menos na média diária. Para ter uma ideia, a média móvel bateu o recorde de novos casos em 3 de fevereiro, quando havia chegado a 189.526. Para atingir esse patamar recorde, nas duas semanas imediatamente anteriores o crescimento havia sido de 39.125 casos a mais por dia.

Ainda assim, os mais de 134 mil novos casos que surgem todos os dias representam um patamar muito superior ao registrado no pior momento da segunda onda, ocorrido por aqui no final do primeiro semestre do ano passado. Para ter uma ideia, em 23 de junho de 2021 a média móvel de novos casos atingiu recordes 77.328 registros diários, volume 42% inferior ao registrado hoje.

O rastro da ômicron é mesmo assustador. De 1º de janeiro a 14 de fevereiro do ano passado, foram registrados no Brasil 2.158.540 novos casos, ou 33 por minuto. Agora, no mesmo período, foram 5.250.962, ou 81 por minuto. Um aumento de 146%. Apesar da vacinação, que protege muito do contágio, mas principalmente evita que eventuais contaminados desenvolvam formas graves da covid-19, esse número maior de infectados tem levado a uma nova sobrecarga nos hospitais e, consequentemente, ao aumento da mortalidade.

A média móvel de mortes chegou nesta segunda-feira a 888 óbitos diários, patamar próximo do vivido na primeira onda da pandemia, ainda entre maio e agosto de 2020. Na comparação com duas semanas atrás, o crescimento no indicador é de 64%. Na comparação com 31 de dezembro, quando a média móvel estava em 95, o crescimento é de 834%.

Até o final do ano passado, o Brasil registrou uma morte por covid-19 para cada 36 casos registrados. Com a chegada da ômicron, essa relação cresceu para 43. Significa dizer que a taxa de letalidade caiu de 2,8% para 2,3%, indicando que, apesar de muito mais contagiosa, de fato a terceira onda é, proporcionalmente, menos letal que as demais — a mais mortal por aqui foi a segunda onda.

O que vem por aí

O que toda essa numeralha nos indica é que estamos, sim, a caminho de sair da terceira onda, mas o momento ainda exige muita cautela. Estamos falando de mais de 130 mil infectados por dia, com quase 900 mortes diárias. Talvez por termos de certa maneira nos acostumado à pandemia, parece pouco, mas é um estrago e tanto.

Somente nestes 45 primeiros dias do ano, mais de 19 mil pessoas perderam a vida para o coronavírus. É mais ou menos uma vítima nova a cada 1,5 minuto. Além disso, basta lembrar que, no final do ano passado, a média móvel de novos casos chegou a ficar abaixo de 5 mil registros. Já hoje, o coronavírus contamina a cada 24h um número de pessoas que, em dezembro do ano passado, eram necessárias três semanas para acontecer. As estatísticas dos últimos dias são alentadoras, mas ainda não é o momento para baixar a guarda. Nem um pouco.

*Marcelo Tokarski é sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.

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