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Covid-19 se tornou mais democrática: faltam hospitais para todos

Não faz mais diferença ter plano de saúde ou dinheiro para pagar o tratamento; quem puder deve ficar em casa

Não faz mais diferença ter plano de saúde ou dinheiro para pagar o tratamento; quem puder deve ficar em casa (Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)

Não faz mais diferença ter plano de saúde ou dinheiro para pagar o tratamento; quem puder deve ficar em casa (Jonne Roriz/Bloomberg/Getty Images)

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André Martins

Publicado em 10 de março de 2021 às 19h51.

Última atualização em 10 de março de 2021 às 21h09.

Sete em cada dez brasileiros vivem hoje em estados onde praticamente não há mais leitos de UTI disponíveis para pacientes graves de covid-19. De acordo com dados divulgados pela Fiocruz, 20 unidades da Federação têm hoje ocupação de leitos superior a 80%, o que já é considerado estágio crítico. Dessas, 13 estão acima de 90%.​

Os únicos estados por enquanto fora desse grupo são Alagoas, Pará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba, Amapá e Rio de Janeiro. Atualmente, essas sete unidades da Federação têm ocupação entre 70% e 80%, padrão de alerta intermediário. Mas a má notícia é que nesses locais a taxa vem crescendo semana a semana.​

Embora concentrem 72% da população brasileira, os 20 estados com o sistema de UTIs próximos do colapso (ou já em) representam hoje 78% dos óbitos médios diários de covid no país – hoje em 1.626 mortes por dia. Há duas semanas representavam 70% das mortes. Sinal de que, com menos leitos à disposição dos doentes, mais gente passou a morrer nesses locais.​

Isso sem falar nas novas variantes, mais contagiosas, mais perigosas para jovens e pessoas sem comorbidades e que, aparentemente, levam a maiores períodos de internação para pacientes graves — o que em parte explica o apagão de UTIs.​

Muito acelerada no país, a pandemia talvez tenha entrado em sua fase mais democrática. Até então, a doença vitimava mais as pessoas de baixa renda, dependentes do SUS e mais expostas por terem que sair para trabalhar. Agora, já não faz tanta diferença ter plano de saúde ou poder pagar pelo tratamento. Para quem tem sintomas graves, faltam vagas nos hospitais. Para todos.​

​O que faz diferença é não ficar doente até que seja sua vez de ser vacinado. Essa deveria ser a meta individual de cada cidadão. Quem é obrigado a sair para trabalhar deve adotar todos os cuidados recomendados (máscara, distanciamento social, álcool gel etc.). Quem pode, deveria ficar em casa. Não há outra receita.​

* Marcelo Tokarski é sócio-diretor do Instituto FSB Pesquisa e da FSB Inteligência

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