Conheça as histórias de mulheres que são marcas por onde passam
Queremos um país mais igualitário, em que as mulheres possam ser o que quiserem, estejam em lugares que sonham e tenham voz
Bússola
Publicado em 5 de dezembro de 2021 às 12h16.
Por Luana Tavares*
O escritor francês Voltaire já dizia que “a sociedade precisa das mulheres. Todas as nações que as isolem serão insociáveis”. Ele não estava mentindo, esta constatação faz total sentido.
Entretanto, a sociedade foi dura com as mulheres durante muito e muito tempo. Historicamente falando, elas nasceram para exercer apenas três funções: ser esposa, mãe e dona de casa. Não podiam estar em outro lugar que não fosse entre as paredes do seu lar.
É claro que as coisas mudaram. Elas estão por toda parte, podem estudar e exercer qualquer função. Mas para chegarem onde querem, ainda precisam enfrentar muitas batalhas, já que a desigualdade de gênero permanece em ritmo acelerado em nosso país. Mesmo assim, já tivemos muitas conquistas importantes que devem ser consideradas.
Primeiro, vale destacar que, segundo dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) 2019, o número de indivíduos do sexo feminino no Brasil é superior ao masculino. A população brasileira é composta por 51,8% de mulheres.
Além disso, um levantamento divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 54,5% das mulheres com 15 anos ou mais integravam a força de trabalho no país em 2019. Estamos fazendo a economia brasileira se movimentar em diversas áreas, principalmente naquelas que eram majoritariamente masculinas.
Temos inúmeras mulheres fazendo história. Quem é que nunca ouviu falar da Cris Junqueira, cofundadora e CEO do Nubank, Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Alcione Albanesi, fundadora da FLC Lâmpadas, e tantas outras que se destacam por assumirem cargos de liderança? Todas elas têm algo em comum: são mulheres que precisaram batalhar muito para alcançar seu lugar em meio a tantos homens que já dominavam o mercado.
Mas isso não ocorre apenas no mundo dos negócios. Na política, também precisamos de representatividade. Apesar de tímida, já observamos que a força feminina vem aumentando ano a ano. Na Câmara dos Deputados, das 513 cadeiras, 77 são ocupadas por deputadas, o que corresponde a 15%. No Senado, 12 mulheres foram eleitas para as 81 vagas, o que equivale a uma participação de 14%.
Não estamos no cenário perfeito. Pelo contrário, ainda estamos longe de discutir a pauta equidade de gênero na perspectiva de ver realmente as mudanças acontecendo. Mas nem tudo está perdido! Temos exemplos de movimentos e mulheres incríveis que estão trabalhando para inspirar tantas outras que sonham em chegar longe, que queiram ocupar seu lugar de fala na sociedade brasileira.
Exemplos que dão voz a elas
O RenovaBR, por exemplo, uma escola de educação política que prepara pessoas comuns de diferentes origens e ideologias para renovar a democracia brasileira, tem apostado nas mulheres. Afinal, como disse, elas ainda são minorias, o que dificulta a aprovação de projetos e programas voltados para esse público.
Dentro dessa mesma perspectiva, o instituto “Vamos Juntas” tem trabalhado na luta pela igualdade de gênero na política, impulsionando candidaturas femininas e mobilizando a sociedade civil para aumentar a presença de mulheres em espaços de poder. O objetivo principal é incentivar aquelas que já ocupam posições de lideranças em suas comunidades a se candidatarem a um cargo eletivo.
Outra ação importante e que também tem colocado as mulheres para falar sobre o que pensam é o projeto “Grupo Mulheres do Brasil”. Ele foi criado em 2013 por 40 mulheres de diferentes segmentos com o intuito de engajar a sociedade civil na conquista de melhorias para o país. Atualmente, são 22 comitês, 154 núcleos e 98 mil mulheres engajadas na causa Brasil.
Ainda vamos chegar onde queremos
Os movimentos que colocam a mulher na pauta e tantas líderes femininas que fazem história estão por todo canto desse país. Temos diversos exemplos espalhados em cada região do Brasil.
Mesmo assim, ainda temos um espaço enorme que precisamos conquistar, seja na política ou em várias outras esferas da sociedade. Não tenho dúvida que é questão de tempo e de travar algumas batalhas para chegarmos onde queremos. E o que queremos?
No século XIX, depois de muito estudar a alma feminina, Freud, o pai da psicanálise, questionou: o que querem as mulheres? Na época, ele não conseguiu encontrar uma resposta, mas me atrevo a dar algumas pistas sobre o que queremos como mulher para a nossa sociedade atual.
Queremos um país mais igualitário, em que as mulheres possam ser o que quiserem, estejam em lugares que sonham, exerçam sua cidadania, seu direito na política e tenham voz, vez e lugar. E como já dizia Michelle Obama, “uma sociedade é medida pela forma que suas meninas e mulheres são tratadas”.
*Luana T avares é licenciada em Publicidade, com MBA — Master in Business Administração (Fundação Getúlio Vargas - FGVSP), e possui duas especializações, uma em gestão pública e outra em desenvolvimento de lideranças, na Harvard Kennedy School e Oxford University
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