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Como ele colocou a Motz no mercado e fez a transportadora digital faturar R$ 1,1 bi 

Sob a gestão do CEO André Pimenta, a empresa conseguiu faturar R$ 690 milhões só no primeiro semestre deste ano e projeta mais de R$ 1,5 bilhões até dezembro

André Pimenta, CEO da Motz (Motz/Divulgação)

André Pimenta, CEO da Motz (Motz/Divulgação)

Aquiles Rodrigues
Aquiles Rodrigues

Repórter Bússola

Publicado em 3 de outubro de 2024 às 14h53.

Última atualização em 3 de outubro de 2024 às 17h51.

Quando se tornou CEO da Motz, André Pimenta tinha um desafio: tirar a transportadora digital do status de projeto incubado pela Votorantim Cimentos e transformá-la numa competidora sólida no mercado

O executivo encontrou seu principal desafio na fusão da logística de transporte com o digital. Invés de ter uma frota própria, a Motz se conecta com motoristas autônomos para estabelecer suas operações de transporte rodoviário

Com mais de 20 anos de carreira – nove na Votorantim e com passagem pela Ambev – André já tinha experiência com gestão e logística. Quando chegou, ele atacou o digital com empenho e em três anos foi capaz de conduzir uma estratégia que resultou numa receita líquida de R$ 690 milhões no primeiro trimestre deste ano

  • O montante representa alta de 40% em relação ao mesmo período de 2023 
  • O ano passado terminou com um total de R$ 1,172 bilhão na receita líquida
  • A meta para este ano é um crescimento de 30%, projetando receita total de mais de R$ 1,5 bilhão.

“Quando entrei, em 2021, a gente não fazia nada para o mercado. Era só atendimento interno para a Votorantim Cimentos. Hoje, mais ou menos 30% do faturamento da companhia já vem de fora, e nosso objetivo é chegar aos 50% em três ou quatro anos

A ‘bala de prata’ na estratégia de André Pimenta

“Eu não gosto muito de falar em ‘bala de prata’ porque no final não é uma só, são várias. Mas eu diria que a nossa é o casamento entre o nosso go-to-market com a parte de tecnologia e o ecossistema com os motoristas

Investimento em times com sinergia

Na estratégia go-to-market, André fez questão de investir no desenvolvimento de uma cultura organizacional voltada para a integridade e para o início e a conclusão de projetos. 

Os times de operação, comercial e novos negócios cresceram com destaque e, de 25, a empresa chegou a mais de 200 colaboradores. O CEO faz questão de ressaltar a importância da autonomia dos times com talentos cuidadosamente selecionados.

“Precisamos estar abertos aos riscos e dar autonomia para os times trazerem ideias e tocarem os projetos. Com bons indicadores e bom modelo de gestão, o passo seguinte é esse: dar autonomia.

Forte investimento no digital, mas com jornada progressiva

O investimento atual da Motz no desenvolvimento tecnológico e na infraestrutura digital está em torno dos R$ 15 milhões a R$ 20 milhões anuais. Mas André sabe que a maioria dos motoristas não é nativo digital.

Por esse motivo, o CEO também estimula uma jornada progressiva de aprendizado, com auxílio aos parceiros na forma de atendimento híbrido, tanto por canais digitais quanto pelos 140 pontos de expedições em todo o Brasil

“Essa questão digital é uma jornada no Brasil. Não podemos atropelar esse processo e enfiar o digital goela abaixo no motorista. O motorista está acostumado é a dirigir, entregar, fazer o volume. Ele conhece a rota, o consumo e afins. Não adianta forçar o digital do dia pra noite, é um processo de jornada. Isso tem a ver com o modelo híbrido que temos.” 

Motorista é parceiro, a Motz é ‘mãe’

A Motz já tem mais de 72 mil motoristas cadastrados em sua base, e planeja aumento de 35% até o final de 2024. A empresa está empenhada em oferecer suporte e benefícios em diferentes formas incluindo parcerias que permitem:

  • Abastecimento mais barato em postos de combustível 
  • Acesso a financiamento de caminhões com taxa diferenciada
  • Acesso a vale saúde.

“Quando olho para os motoristas autônomos, destaco nosso objetivo de ser a ‘mãe’ desses caras. Queremos não só oferecer carga para eles trabalharem, mas ajudá-los no dia a dia.”

Gestão baseada na integridade

No começo o faturamento que vinha de fora era zero, afinal, a empresa não transportava carga externa. O cenário mudou bastante:

  • Em 2022, a Motz transportou 400 mil toneladas externas 
  • Em 2023, deu um salto no volume transportando mais de 3 milhões e meio de toneladas. 

Para 2024, a transportadora digital projeta um total de 5 milhões de toneladas, mirando os setores agropecuário e da construção civil. Atualmente, cerca de 30% dos clientes vêm do agro e 80% vêm da construção civil. 

Quando pensa nas decisões que levaram a Motz ao seu ponto atual, André destaca, mais uma vez, a cultura que construiu. 

“Um dos valores que temos é a integridade. Na hora que aperto sua mão e fecho um compromisso contigo eu vou te atender. A minha sede é grande. Eu também quero que a empresa cresça cada vez mais. Às vezes eu me pego pensando ‘vamo abrir uma frente nova’, aí eu lembro que não fechamos uma outra e tenho que falar ‘opa, segura a ansiedade’. Todo dia é isso, fazendo esse equilíbrio. Muita iniciativa sem acabativa não cabe na Motz”, André conclui.

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