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Combate a doenças crônicas requer abordagem holística, diz nutricionista

Enfermidades podem ser prevenidas por políticas públicas que levem em conta diferentes fatores que colaboram para o aumento de casos

Para uma rotina estressante é importante encontrar o equilíbrio (StockXchng/Reprodução)
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Bússola

Publicado em 31 de agosto de 2022 às 17h30.

Por Bússola

Na data em que é comemorado o Dia do Nutricionista, 31 de agosto, a diretora da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban), Márcia Terra, detalha as razões pelas quais discorda do tratamento dado por governo e setores da academia à relação entre alimentação e políticas públicas para a prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) – hipertensão, diabete, cânceres, doenças respiratórias, entre outras.

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“A alimentação é constantemente associada a essas enfermidades e a indústria alimentícia é erroneamente colocada como principal vilã.  Não é sensato colocar tudo na conta do que se come, pois a ameaça é multissetorial”, afirma a nutricionista.

De acordo com a especialista, entre os fatores que contribuem para o desenvolvimento e o agravamento das DCNTs estão os efeitos do desenvolvimento tecnológico – que reduziu a necessidade de as pessoas se movimentarem e aumentou a carga de trabalho –, o adensamento populacional nos grandes centros e a facilitação do acesso à informação, que insere instantaneamente as pessoas em uma guerra que ocorre do outro lado do planeta, por exemplo. Ela cita, ainda, a violência como agravante.

“Isso tudo faz o ser humano adoecer. Depressão, ansiedade, doenças psíquicas de todas as naturezas atacam o corpo de forma silenciosa. Pessoas que sofrem desse estresse diário, em geral, têm pressão alta, insônia, diabetes, sobrepeso ou obesidade, e por aí vai”, afirma.

Para conciliar saúde, rotina estressante e psicologicamente extenuante, falta de tempo, entre outros, a nutricionista sugere o caminho do equilíbrio. “É quase maldade defender que uma pessoa, após 12 horas entre trabalho e locomoção, prepare diariamente (do zero) todas as refeições. A indústria pode ser uma aliada valiosíssima. Dá para trabalhar junto”.

Dentro deste debate, Márcia Terra critica o peso do marketing, que alimenta o antagonismo entre os produtos comprados prontos (ou quase) e os preparados em casa. “Não existe comida de mentira, como alguns sustentam na TV hoje. O que é comida de mentira? Eu abrir uma lata de milho, pegar um creme de leite de caixinha e fazer um creme de milho é comida de mentira? Você não pode falar isso. Isso é maldoso!”

Pensamento holístico é o caminho

De acordo com a nutricionista, o estado precisa pensar no enfrentamento às DCNTs de maneira mais ampla, levando em conta os diferentes fatores citados por ela. “É na base que precisamos agir, adotando um pensamento holístico para conseguirmos avançar. A palavra mágica é prevenção. Precisamos nos antecipar aos fatos”, diz.

Ela considera que as diretrizes públicas para a área estão desconectadas da ciência, da amplitude geográfica do país e do cotidiano do brasileiro médio. E que pontos como saneamento básico, acesso a serviços de saúde, informação, transporte público de qualidade, lazer, além de variáveis como poder aquisitivo e mesmo a região do país onde a pessoa vive, não podem ficar de fora dessa conta.

Terra assinala que as diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são um bom indicativo para a construção de políticas públicas para a área. “A Anvisa é seríssima, ela não aprova nada ao bel-prazer. Segue um monte de regras sanitárias, de ética, de segurança de alimentos. Trata-se de uma questão científica”, comenta. E reforça: “A Anvisa sofre uma pressão imensa. Ainda assim, percebam o papel técnico que a agência desempenhou na questão vacinas contra a covid-19”, declara.

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