Uma transformação digital bem-sucedida requer monitoramento constante e capacidade de ajustes rápidos (Stock/Getty Images)
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Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 10h00.
Claudia Elisa Soares*
Eu sempre acreditei que uma das habilidades que distingue um líder extraordinário de um convencional é sua capacidade de formular boas perguntas.
Não que saber as respostas certas não seja importante. É claro que é. Mas de que adianta saber as respostas certas para questões fora de contexto ou que pouco agregam na resolução dos dilemas do mundo corporativo atual?
Dentro dos cenários de inovação e transformação que as empresas estão obrigatoriamente inseridas, fazer as perguntas certas abre portas para novas possibilidades e impulsiona o pensamento crítico que molda o futuro.
Questões bem formuladas jogam luz sobre os nós que precisam ser desatados, inspiram pessoas a explorar o desconhecido, identificar oportunidades e construir uma visão coletiva para o futuro da organização.
Ao valorizar essa postura de questionamento e reflexão, os líderes criam uma cultura de experimentação e aprendizado contínuo, essencial para que empresas prosperem em um ambiente de rápidas mudanças e crescentes complexidades.
Um estudo intitulado "Transformando a Empresa do Futuro", produzido este ano pela KPMG, ouviu 2.083 executivos de grandes organizações em diversos setores e países, explorando os desafios e estratégias para a transformação digital nas empresas, enfatizando a importância de novas tecnologias e liderança eficaz.
Os insights são bem interessantes:
Para 80% das grandes empresas, a transformação agora é uma reinvenção contínua, com 88% das organizações conduzindo dois ou mais programas de transformação simultaneamente. Esse esforço vem no sentido de acelerar a maturidade digital das corporações.
De acordo com a pesquisa, 64% das empresas consideram que sua base tecnológica ainda está apenas moderadamente adequada para enfrentar os desafios digitais de ponta.
Para conduzir com sucesso as empresas nos mares da inovação, os líderes têm papel preponderante. Segundo a pesquisa, 73% das organizações que atingiram um alto nível de maturidade digital também têm um alto nível de confiança na liderança.
A habilidade dos líderes de demonstrar clareza de visão, compromisso com a transformação e transparência nas decisões gera uma cultura de inovação e colaboração contínuas.
Destaco a seguir cinco perguntas-chave que as empresas que querem ser protagonistas nesta nova era devem se empenhar em responder:
A resiliência organizacional é a capacidade de uma empresa de se adaptar e crescer mesmo em meio a mudanças e desafios. Para fortalecer a resiliência, é fundamental utilizar ferramentas como IA generativa e redes neurais, que permitem simular cenários de risco e ajustar estratégias rapidamente.
76% dos executivos acreditam que a adoção de tecnologias avançadas aumenta as chances de sucesso, sinalizando que empresas resilientes são aquelas que investem em inovação como base para reagir a mudanças inesperadas.
A maturidade digital não é mais uma vantagem competitiva — é uma necessidade para a sobrevivência. Acelerando essa jornada, empresas podem investir em tecnologias como gêmeos digitais e plataformas integradas que ajudam a mapear operações e identificar lacunas digitais. Além disso, os programas de treinamento digital para equipes operacionais e lideranças desempenham um papel importante.
O papel dos parceiros de ecossistema nunca foi tão crucial, mas menos de um terço dos líderes seniores considera que seus atuais parceiros estão fortemente alinhados com os objetivos de transformação. Uma forma de testar a eficácia dessas parcerias é focar em KPIs compartilhados e revisá-los periodicamente, criando um ambiente colaborativo onde todos os envolvidos estão comprometidos com resultados de transformação.
Uma transformação digital bem-sucedida requer monitoramento constante e capacidade de ajustes rápidos. Ferramentas de análise de dados em tempo real e dashboards integrados oferecem às empresas visibilidade contínua de suas operações. A cultura organizacional também precisa ser adaptável, permitindo que líderes operacionais e seniores façam alterações quando houver mudanças no mercado ou novos insights.
Confiança é um dos pilares da transformação digital e da construção de uma cultura resiliente. Em empresas digitalmente maduras, onde 73% dos colaboradores confiam em seus líderes, o ambiente tende a ser mais propenso à inovação e colaboração.
Para construir essa confiança, é essencial que a liderança seja clara quanto aos objetivos da transformação e ofereça suporte contínuo à equipe. Feedbacks frequentes e ações de reconhecimento reforçam o sentimento de valor e pertencimento, criando um ambiente propício ao crescimento individual e organizacional.
No complexo processo de transformação digital e social, fazer as perguntas certas ajuda as empresas a navegar com clareza e propósito. O futuro pertence às companhias que, além de adotar novas tecnologias, entendem o valor de cada uma dessas dimensões e trabalham para integrá-las em suas estratégias.
*Claudia Elisa Soares é especialista em ESG e transformação de negócios e líderes e conselheira em companhias abertas e familiares.
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