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Por Thiago Barbosa*

A lista suja do trabalho escravo, atualizada no início de abril pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), ganhou 132 novos nomes na maior atualização registrada desde 2017, quando o documento voltou a ser publicado. Agora são 289 os empregadores que reconhecidamente submeteram pessoas a condições análogas à de escravidão. Isso denota alguns fatores: a falta de boa governança nas empresas, uma cultura organizacional focada no lucro a qualquer custo e o aumento da fiscalização. Não é difícil concluir que a ética e transparência (pilares óbvios da boa governança corporativa) ainda não são os efetivos pilares do modelo empresarial de muitas organizações que atuam no mercado brasileiro.

Figurar numa lista dessas é acabar com a imagem e a reputação da empresa. E não é nada complicado evitar que isso aconteça. Contudo, para reverter esse quadro, é preciso mais do que concordar com o ESG: é preciso querer implementá-lo. Ainda assim, mais do que apenas querer, é preciso agir com consistência para que efetivamente a implementação ocorra, o que persiste sendo  um grande desafio para as empresas. É preciso entender que esse desafio não deve ser superado apenas para conquistar espaços positivos na preferência dos investidores e da opinião pública, mas, acima de tudo, para que se possa assegurar a continuidade dos negócios.

É por meio da governança corporativa – grande responsável por garantir que nenhuma das partes de um negócio seja prejudicada – que os valores da empresa são reforçados e implementados para impactar positivamente a rotina da organização. Ela modela a cultura, pauta ações, demanda reações. A falta dela é o estopim que possibilita que desastres e riscos de várias ordens venham a acontecer, como vimos nas últimas semanas, com mais e mais casos de empresas ganhando manchetes (negativas).

A transparência para o mercado, combinada com a imposição de ações efetivas, é vital para a instituição manter-se competitiva nesses casos. Mesmo que a organização obtenha certificações, reconhecimentos, normas e frameworks globais, isso não é suficiente se não houver transparência e imposição da cultura da integridade e segurança.

Grandes erros não acontecem isoladamente. Por isso falamos de falta de cultura de governança. Dá trabalho fazer o certo. Realizar uma gestão de risco integrada, de forma madura, seja na prevenção de riscos ou no desenvolvimento diário dos negócios, não é algo que todos estão dispostos a investir. Todavia, podemos dizer que hoje existem ferramentas e processos que não são complicados e nem caros - e que evitam dores de cabeça, como figurar na lista suja do governo brasileiro.

A due diligence de terceiros aprofundada é uma dessas ferramentas e consiste, basicamente, num procedimento de investigação de uma empresa, ou indivíduo de forma a verificar fatores contábeis, reputacionais, financeiros, trabalhistas, previdenciários, jurídicos, tecnológicos, entre outros. Sobretudo na contratação de serviços terceirizados, é extremamente importante a realização da due diligence de terceiros como meio de antecipar, prevenir ou mitigar inconformidades e/ou impactos. Nesse sentido, é necessário não apenas verificar a corporação em si, mas também seus sócios e beneficiários finais.

A boa notícia é que hoje isso pode ser feito rapidamente com o auxílio de bases de dados e plataformas automatizadas e integradas,  que identificam e geram alertas sobre todos esses riscos e muitos outros.

Ou seja, a ética e transparência são alicerces da boa governança, a qual não pode ser tratada como projeto de apenas uma ou outra área de uma corporação. Na verdade a boa governança deve estar no DNA da organização, nas veias dos executivos, nos corações e mentes de cada colaborador. O custo de não se aplicar esse modelo é por demais alto e cobrará uma fatura caríssima para aqueles que insistirem em ficar à margem desse processo.

*Thiago Barbosa é diretor executivo da LexisNexis para a América Latina

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