(RafaPress/Getty Images)
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Publicado em 3 de junho de 2024 às 15h00.
Por Mauro Wainstock*
Tenho tido a oportunidade de participar de muitos fóruns de discussão sobre o futuro do mercado de trabalho. Entre os temas mais desafiadores, estão:
São questões que merecem ser trazidas para o constante debate por estarem em permanente mutação. Não há fórmulas mágicas. O que pode dar certo em uma grande empresa, pode fracassar em uma pequena ou média. O que pode ser aplicável em um segmento, para o outro pode não fazer o menor sentido. Ouvir os reais anseios e interesses dos próprios colaboradores, iniciando um diálogo direto e franco, certamente é o caminho mais adequado para chegar aos objetivos desejáveis.
Como estes cinco aspectos se destacam como impulsionadores de mudanças significativas?
O ambiente de trabalho se torna cada vez mais heterogêneo, reunindo quase 5 gerações com diferentes valores, expectativas e estilos de atuação.
Desafios: eliminar definitivamente estereótipos geracionais, promover a comunicação eficaz, lidar com diferentes formas de gestão e propiciar o aprendizado mútuo. Estudo de 2023 da McKinsey & Company revela que 72% dos líderes relatam dificuldades nesta relação. Por sua vez, pesquisa da Deloitte concluiu que a Geração Z busca empresas com culturas inclusivas e que valorizam a diversidade.
Oportunidades: enriquecimento da cultura organizacional com diferentes perspectivas, valiosa variedade de conhecimentos e experiências reunidas em um mesmo ambiente, aumento da criatividade e potencialização para o surgimento de assertivas soluções.
Você já imaginou o Brasil com 30% de sua população acima dos 60 anos? Esta é a previsão do IBGE no estudo "Projeção da População do Brasil por Grandes Grupos de Idade e Sexo 2016-2060". De acordo com o órgão, em 2050 o Brasil terá cerca de 66,5 milhões de 60+, representando 29,3% da população total, o que significa mais do que o triplo de 2010.
Desafios: escassez de mão de obra qualificada em algumas áreas, necessidade de políticas públicas que apoiem a longevidade e o combate à discriminação etária.
Oportunidades: valorização da experiência e do conhecimento dos trabalhadores mais velhos, implementação de programas de mentoria intergeracional e investimentos em requalificação profissional e na saúde emocional e física.
Representam um segmento dinâmico e em franca expansão: de acordo com o relatório "The State of the Gig Economy in 2023", produzido pela McKinsey Global Institute, a economia GIG, entendida como "plataformas online que conectam trabalhadores independentes a clientes", gerou entre US$ 4,5 trilhões e US$ 5,2 trilhões em valor bruto de transações no ano passado.
A combinação de fatores como transformação digital, mudanças nos hábitos de consumo e aumento do acesso à internet vem turbinando estes números.
Desafios: necessidade de talentos com habilidades em autogestão, que tenham capacidade de adaptação à cultura organizacional, mesmo online, que possuam estrutura profissional adequada para desempenhar o trabalho de forma remota, interesse e disposição em aprender continuamente para se manterem competitivos.
Oportunidades: maior flexibilidade e autonomia para os trabalhadores, valorização da meritocracia, redução de custos e encargos sociais para as empresas. Além disto, profissionais que anseiam por mais dinamismo e maior rotatividade no mundo corporativo encontram neste formato uma aderência concreta.
Costumo dizer que liderar é estimular e dar o exemplo com ações positivas através da credibilidade conquistada com ética, respeito, competência, dedicação e humanização.
Quais serão os líderes do futuro quando os mais novos não pretendem assumir e os mais velhos (inexplicavelmente) têm data de validade perante o mercado?
Desafios: adaptar-se às novas demandas, inspirar e motivar equipes multigeracionais e diversas, promover um ambiente de trabalho verdadeiramente colaborativo e inclusivo e saber lidar de maneira serena e com competência com questões complexas e voláteis.
Oportunidades: além do talento, é preciso aprimorar as “power skills” e aplicá-las de modo autêntico e empático, gerando um ambiente mais respeitoso, agradável e acolhedor. Pesquisa da Deloitte deste ano aponta que 75% dos CEOs consideram a agilidade e a adaptabilidade qualidades essenciais para os líderes. Já o estudo da PwC "Superando desafios, construindo vantagens: diversidade e inclusão no local de trabalho em 2023", com 1.372 CEOs, concluiu que empresas com maior diversidade e inclusão têm 25% mais chances de superar seus concorrentes em termos de crescimento da receita e lucratividade: a diversidade de gênero nas equipes de liderança, por exemplo, está associada a um aumento de 19% nos lucros.
Desafios: estudo da McKinsey Global Institute estima que até 800 milhões de empregos podem ser automatizados até 2030, principalmente em áreas como manufatura, administração e construção, aprofundando a desigualdade social ao impactar diretamente nos trabalhadores com baixa qualificação. Por outo lado, o mesmo trabalho indica que até 974 milhões de novas vagas podem surgir em áreas como saúde, educação, tecnologia da informação e economia criativa.
Oportunidades: haverá mudança na natureza do trabalho, com foco em tarefas mais criativas, estratégicas, ênfase no desenvolvimento de análises críticas e no aprendizado contínuo. Pesquisa da Indeed, por exemplo, revelou que a demanda por profissionais com habilidades em IA cresceu 120% nos últimos 5 anos. Estudo da PwC estima que a IA pode gerar um impacto econômico global de US$ 15,7 trilhões até 2030, melhorando a qualidade de vida em áreas como saúde, educação e transporte.
O mercado de trabalho do futuro está em constante transformação, moldado por diversos fatores que exigem versatilidade, inovação e trocas entre os diferentes grupos. Investir na qualificação, com destaque para as habilidades comportamentais, e incentivar a diversidade, o pensamento analítico e criativo são ações simultâneas e prementes para a evolução sustentável e longeva da empresa e, claro, do próprio profissional.
*Mauro Wainstock foi nomeado Linkedin TOP VOICE, é membro do Instituto Brasileiro do ESG, mentor de executivos, conselheiro de empresas, palestrante sobre diversidade etária/integração geracional e sócio-fundador da consultoria HUB 40+.
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