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A hora do investidor estrangeiro comprar imóveis no Brasil

Presidente da ABRAINC explica por que o setor imobiliário brasileiro é hoje um dos mais atraentes para investimentos

(Mailson Pignata/EyeEm/Getty Images for National Geographic Magazine)

Mariana Martucci

Publicado em 23 de novembro de 2020 às 20h45.

A queda na taxa básica de juros, a Selic, estimula cada vez o brasileiro a sair da zona de conforto da renda fixa para buscar rendimento maior no mercado financeiro. Uma prova disso é o grande aumento de investidores na bolsa de valores (B3), que atingiu a marca de 3 milhões de CPFs em outubro deste ano – contingente cinco vezes maior que há três anos. Nesse processo, o setor imobiliário é um dos mais atraentes. Em 2020, seis incorporadoras abriram capital na bolsa (IPOs, na sigla em inglês), capitando R$ 5,2 bilhões. São números expressivos, especialmente se recordamos que há oito anos o setor não realizava IPO.

Há duas explicações para o retorno das incorporadoras ao mercado de capitais. De um lado, a Selic no patamar atual de 2% ao ano – o menor da história num país até pouco tempo acostumado a conviver nocivamente com uma taxa de dois dígitos. O segundo fator de impulsão de IPO do setor é a melhoria da segurança jurídica gerada pela Regulamentação do Distrato, a partir do final de 2018, o que elevou confiança dos investidores.

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Em meio a esse movimento, observa-se a aquisição de imóveis se consolidando como alternativa de investimento atrativa. Estudo da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) mostrou que um imóvel adquirido em 2010 gerou uma rentabilidade média de 15,3% ao ano, considerando ganhos de valorização e aluguel. Ou seja, renda muito acima do 1,4% obtida com a poupança.

O retorno sobre o capital aplicado na compra de imóveis atrai também investidores estrangeiros. São, em geral, aplicadores dispostos a lucrar pagando o metro quadrado no Brasil, em média, de US$ 1.344. Em 2014, a média era de US$ 3.040. A desvalorização do real provocou uma queda de preço de cerca de 55%. O Numbeo, maior banco de dados global sobre consumo, comparou em outubro o metro quadrado em 500 cidades do mundo. São Paulo ocupou posição 287, com o valor de US$ 2.084. O Rio de Janeiro ocupou a 330ª colocação, com o valor de US$ 1.778 por metro quadrado. Em Hong Kong, líder do ranking global, o metro quadrado custa R$ 32.000.

Já ao avaliarmos o preço dos imóveis localizados em regiões centrais (bairros nobres e com melhor infraestrutura), o Brasil apareceu na 80ª posição entre 103 países listados. A vizinha Argentina é a 45ª desse ranking. Tal disparidade de preços tem ligação direta com a desvalorização do real. A moeda brasileira foi a que mais perdeu valor neste ano: 39,6% de queda, superando perdas verificadas em outros países emergentes – como África do Sul, Argentina e Rússia.

A desvalorização cambial, contudo, é um fator de impulsão da construção, um dos setores que mais geram emprego e renda no Brasil. Se no auge da crise imobiliária nos Estados Unidos, em 2009, muitos brasileiros comparam imóveis naquele país, aproveitando o momento positivo da nossa moeda, a oportunidade agora está do lado de cá.

As perspectivas de crescimento e recuperação do PIB tornam a compra de imóveis no Brasil uma excelente oportunidade para o investidor estrangeiro. Esse investidor pode, no longo prazo, beneficiar-se tanto da recuperação do real frente ao dólar quanto da perspectiva de valorização dos imóveis. Um movimento estimulante para que o setor imobiliário brasileiro siga apostando em novos empreendimentos, puxando a economia do país rumo ao crescimento sustentável.

*Luiz Antonio França é presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC).

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