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5G: acelerando a revolução do home care e a internet das coisas médicas

A quinta geração de internet móvel vem assumindo papel de destaque nos atendimentos online, cada vez mais eficientes

Tecnologia já está disponível em cinco capitais (Morsa Images/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 20 de outubro de 2022 às 12h00.

Última atualização em 20 de outubro de 2022 às 12h30.

Por César Griebeler*

As tecnologias de banda larga para dispositivos móveis 1G, 2G, 3G e 4G trouxeram avanços inegáveis para a sociedade nas últimas décadas. Mas a chegada do 5G já está ampliando a capacidade ilimitada de dados, transformando a forma como nos relacionamos e, principalmente, como cuidamos da saúde e do bem-estar. A chamada quinta geração da tecnologia conecta praticamente tudo o que conhecemos em uma ampla “Internet das coisas”, ou IoT, na sigla em inglês, com velocidade quase 100 vezes maior que a oferecida pelo 4G, segundo a PwC.

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De olho nesse mercado, o Brasil vem registrando um crescimento no número de healthtechs. Entre 2019 e 2022, de acordo com dados da Liga Ventures em parceria com a PwC Brasil, houve alta de 16,11% nesse segmento de empresas. Um movimento que deve ganhar ainda mais força com a expansão do 5G pelo país. Hoje a tecnologia já está disponível em cinco capitais, com previsão de chegar a todos os estados até 2029, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o que deve beneficiar ainda mais a atenção à saúde e ao cuidado assistencial.

Trazendo evoluções significativas em diferentes áreas da economia, o 5G representa uma quebra de paradigmas para a área da saúde, ampliando o poder de soluções como a telemedicina, e habilitando novos atores nesse ecossistema, como os wearables — também conhecidos como dispositivos vestíveis. Redes de baixa latência e alta densidade de dispositivos e sensores conectados possibilitam o monitoramento de pacientes em casa em tempo real, o que pode ser um grande benefício no tratamento de doenças crônicas.

Internet das coisas médicas

Esse cenário abre as portas para acelerar a implementação da Internet das Coisas Médicas (IoMT). A IoMT permitirá a “assistência médica remota”, “rastreamento de sensores ingeríveis”, e “saúde móvel”, como espera o Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE). O mercado de Internet das Coisas Médicas (IoMT) irá alcançar os US$ 158,1 bilhões em 2022, como prevê a Deloitte, e o número de sensores voltados para a nova rede deverá chegar a 22 bilhões até 2025, segundo a Oracle.

Multiplicando as possibilidades de atendimento remoto, o 5G habilita um “atendimento cada vez mais eficiente”, como descreve artigo publicado pela MIT Technology Review. Por não se limitar a consultas à distância, mas permitir a gestão remota de sistemas de saúde completos, desde a realização de exames de imagem até cursos para profissionais da área, a expectativa é de que o 5G será base para novas soluções em telemedicina e saúde digital, promovendo uma revolução que mobilizará uma “ampla reformulação na maneira de prestar um serviço de saúde”.

Além disso, a capacidade de agregar e analisar enormes conjuntos de dados pode gerar novos tratamentos inovadores. Somados ao uso de ferramentas de suporte à decisão com inteligência artificial para diagnósticos mais rápidos e precisos e tarefas automatizadas, juntos, esses casos de uso podem liberar capacidade de investimento adicional em saúde e gerar de US$ 250 bilhões a US$ 420 bilhões em impacto no PIB global até 2030, projeta levantamento da McKinsey.

Crescimento guiado por dados

Durante a pandemia, a telemedicina se tornou uma ferramenta vital para manter consultas e acompanhamentos nas fases mais intensas. Agora, com a internet mais rápida, veremos melhorias em outros segmentos do setor. Entre abril de 2020 e março de 2021, 2,5 milhões de consultas virtuais foram realizadas, de acordo com os números divulgados pela pesquisa da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge). Cerca de 90% delas resolveram o problema do paciente, o que mostra um impacto direto que o 5G pode trazer para a desospitalização.

O termo, utilizado para definir um processo que tem como objetivo oferecer aos pacientes uma recuperação mais rápida e bem-sucedida em seu domicílio, é essencial para racionalizar a utilização dos leitos hospitalares. Conectado ao home care, ou atenção domiciliar, permite diminuir a pressão sobre todo o sistema de saúde, e ofertar um atendimento mais humano e personalizado.

A chegada iminente da internet 5G, aliada à IoT e à inteligência artificial, de acordo com a associação, resultará em um salto na digitalização da saúde, com a integração de pessoas, dispositivos e máquinas. Haverá maior armazenamento de dados em nuvem, mais agilidade na transmissão desses registros e eficiência no cruzamento de informações para a definição de protocolos de tratamento ainda mais precisos e focados na segurança do paciente. A organização destaca ainda levantamento da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) indicando que 40% dos exames e 18% das idas ao pronto-socorro são “desnecessários e poderiam ser evitados” com coordenação de “cuidado e atenção primária”.

Suporte e preparo

Apesar dos avanços bastante promissores, ainda existem questões essenciais a serem endereçadas até que serviços como o teleatendimento, possam ser impulsionados pelo 5G e fazer parte do dia a dia da atenção à saúde no país. À parte das políticas para implementação da quinta geração da tecnologia - cada município tem autonomia para aprovar ou não a entrada do 5G na cidade -, a infraestrutura é um ponto que requer atenção.

A questão foi levantada em recente relatório do Instituto Coalizão Saúde do Brasil (ICOS), que reúne a cadeia produtiva do setor, com base no debate sobre as oportunidades em telessaúde a partir dos aprendizados obtidos durante a pandemia no Brasil e no Reino Unido. De acordo com os dados mais recentes do IBGE, 90% dos lares brasileiros têm acesso à internet – o que significa que 10% ainda não têm, ou têm de maneira precária.

Outro desafio fundamental é a capacitação da mão de obra. Embora já se projete que o país irá precisar de 797 mil profissionais de tecnologia da informação e comunicação até 2025, os cursos de perfil tecnológico formam somente 53 mil pessoas anualmente, como revela estudo de dezembro de 2021 da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom). Soma-se a isso a questão da cibersegurança. Dados de saúde podem chegar a valer até 50 vezes mais do que os bancários no mercado paralelo, já que permitem fraudes ainda maiores, como aquelas relacionadas a seguros de vida.

O uso do 5G e de dispositivos IoMT amplia as vulnerabilidades já que, quanto mais aparelhos conectados, mais numerosas as portas de entrada disponíveis para possíveis ataques. Frente a todas essas preocupações, instituições de saúde precisam estar cada vez mais preparadas, especialmente aquelas que disponibilizam o home care. Contar com um processo de digitalização robusto e com uma mudança profunda de mentalidade e cultura são os primeiros passos para avançar pelos benefícios do 5G com segurança.

Nessa jornada, contar com parceiros de ponta e com softwares já adaptados à nova realidade, que permitam uma melhor organização e monitoramento da gestão é essencial. Ou seja, a despeito de todos os obstáculos à frente, a chegada da rede 5G irá marcar um novo momento no cuidado à saúde e na atenção domiciliar, viabilizando uma nova abordagem para antigos paradigmas. A inovação tecnológica abre um novo horizonte de possibilidades para agregar ainda mais valor à experiência de usuários e pacientes no home care, proporcionando serviços cada vez mais ágeis, inteligentes, eficazes e transparentes.

*César Griebeler é vice-presidente de Tecnologia da Pulsati

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