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Três perguntas de ESG para Carolina Pérez Ferrés, da Blue City

CEO do jogo criado para a Web 3.0 conta como pretende reunir empresas e jogadores no metaverso para resolver problemas socioambientais do mundo real

Com avanços tecnológicos existem hoje outras formas de ensinar (Eugenio Marongiu/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 7 de julho de 2022 às 18h30.

Última atualização em 7 de julho de 2022 às 18h53.

Por Bússola

1) Resolver problemas ambientais do mundo real por meio de um game no metaverso... Como isso funciona?

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Carolina Pérez Ferrés: The Blue City é um jogo que utiliza o metaverso como plataforma de conexão entre o mundo virtual e o mundo real. O mundo virtual, ou metaverso, é a ferramenta de aprendizado e testes, assim como um piloto de avião faz simulações em ambientes virtuais antes de pilotar um avião de verdade. Para aproximar o plano virtual do físico, os mundos virtuais desenvolvidos no jogo usam como base o Google Street View, ou seja, cenários que representam o mundo real. Esses cenários são áreas predeterminadas em um bairro ou região, como o entorno de uma escola. Na plataforma, essas áreas são chamadas de terras e vendidas para as empresas. As empresas, quando compram uma terra, têm direito a colocar nelas uma quantidade de missões que serão cumpridas pelos jogadores, em uma rota de jogo. As missões são criadas por The Blue City, de acordo com as metas ESG da empresa que comprou à terra.

Por exemplo: uma empresa de saneamento quer melhorar a qualidade de esgoto gerado naquela área de jogo, ou ensinar o que são ligações clandestinas na rede de esgoto. Missões com esses temas serão criadas inicialmente para serem realizadas no mundo virtual. Mas uma vez que os jogadores passam pelas etapas do mundo virtual, ganham poderes para agir no mundo real, e isso pode significar tarefas como visitar locais e explicar quais tipos de esgoto não devem ser jogados no vaso sanitário, por exemplo. O mesmo pode acontecer com outros temas, como lixo, reciclagem, energia, preservação e plantio de espécies, captação e reúso de água. As possibilidades são infinitas. Além de cumprir as missões, os jogadores precisam provar que as cumpriram, e podem fazer isso com vídeos, fotos, pdfs ou áudios, dependendo do tipo de missão. Após criar as provas, os jogadores as transformam em NFTs e as publicam em uma galeria aberta de NFTs — NFT é uma espécie de propriedade intelectual da tecnologia da blockchain. O que isso significa na prática é que o jogador é dono de suas ações ambientais e de seu gameplay, assim como um artista é dono de um quadro que pintou.

2) O que o jogador ganha no fim? Já há quantos participantes? E empresas interessadas?

Na sua primeira versão, o jogo entra em um formato Play to Learn [ jogar para aprender ] e será lançado apenas em algumas escolas de quatro cidades do Brasil em 2023. Para esta etapa, The Blue City já conta com o apoio de duas empresas, uma de saneamento e outra de plástico, e está também negociando com uma empresa de pagamentos e outra de comércio eletrônico. O jogo é lançado em jornadas, de acordo com o ano letivo das escolas, e entra como atividade extracurricular. Ao final de cada jornada, a empresa pode conferir na galeria as jornadas de todos os jogadores, e escolher como premiar os melhores. Com o tempo, a plataforma irá aprimorar a maneira de medir os resultados das ações nos mundos virtual e real e poderá ajudar empresas a definir suas estratégias. Mas, desde o início, será possível medir a quantidade de jogadores e de missões cumpridas, tanto no mundo virtual quanto no real. É importante considerar que o jogo abrange também metas sociais, como criação de comunidade, fortalecimento de organizações sociais e inclusão.  Na versão 2.0 da plataforma, os próprios jogadores poderão criar rotas de jogo, missões e mundos virtuais, em terras compradas por empresas e também teremos a criação de uma versão Play to Earn [ jogar para ganhar ].

3)The Blue Cityatua também em projetos de ESG fora do metaverso?

The Blue City já criou vários projetos relacionados ao meio ambiente, como a plataforma que mapeou os rios enterrados de São Paulo, a galeria do Rio Pinheiros e uma série ambiental de TV chamada As Cidades Azuis. Hoje está focada em desenvolver a plataforma The Blue City, explorando o mundo dos jogos como canal não só de conscientização, mas de ações reais no mundo real. O objetivo é que mais e mais empresas participem, cada uma comprando sua terra e trazendo para dentro dela sua meta ESG, e mais e mais escolas participem, formando jogadores informados e conscientes. Assim será possível criar um metaverso organizado de ações socioambientais, um mundo onde todos "entram no jogo", se conectam e contribuem da maneira que sabem e podem.

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