Weintraub provoca deputados na Câmara: "Conhecem carteira assinada?"
"Fui bancário. Carteira assinada. Viu, azulzinha, não sei se vocês conhecem", afirmou, provocando vaias de parte dos parlamentares
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de maio de 2019 às 18h42.
Brasília — O ministro da Educação, Abraham Weintraub , partiu para o ataque na tarde desta quarta-feira (15) durante audiência na Câmara para explicar os cortes na Educação.
Ao defender o uso de recursos recuperados de corrupção na área, afirmou ter a ficha limpa, não ter passagem pela polícia e ter sua carteira assinada.
Em seguida, de forma irônica, provocou os deputados: "Fui bancário. Carteira assinada. Viu, azulzinha, não sei se vocês conhecem", afirmou, provocando vaias de parte dos parlamentares que assistia a audiência. Um coro se formou, com deputados gritando "demissão".
Weintraub foi convocado por parlamentares para explicar o contingenciamento na área da educação. Numa exposição de 30 minutos, uma versão revista da que ele expôs no Senado há alguns dias, o ministro defendeu a prioridade para creches e educação básica, irritando os parlamentares, por não falar diretamente sobre o contingenciamento determinado pelo governo.
Diante das primeiras críticas ouvidas dos deputados Paulo Pimenta e Orlando Silva, Weintraub não ficou na defensiva e adotou um discurso também agressivo.
Citou a ex-presidente Dilma Rousseff, numa referência a manobras nas contas que levaram ao pedido de impeachment. Mais tarde, a líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), questionou, dentre outros temas, se o ministro havia dito e se mantinha a fala de que "comunistas mereciam uma bala na cabeça".
"Eu sou comunista e estou aqui, ministro", disse Feghali. E ele, mais uma vez, aumentou o tom.
"Não tenho passagem pela polícia por ameaça, agressão. Não tenho processo trabalhista. Minha ficha é limpíssima, não tenho mácula. Tiveram que voltar 30 anos na minha vida para obter um boletim ruim porque eu tinha arrebentado o meu braço, obtido de forma ilegal", disse. "Outra coisa, bala na cabeça, quem prega, não é esse lado aqui."
Diante dos gritos ele elevou o tom para falar sobre o ex-presidente Lula que, ressaltou "hoje está preso." O ministro afirmou que uma colega teria sido demitida por influência do ex-presidente, que teria pedido o cargo da funcionária à presidência do banco Santander, depois de ela fazer críticas ao ex-presidente.
"O amigo do banqueiro e o Lula que pediu a cabeça da colega de profissão. Foi o Lula que humilhou e falou que era para o banco pagar o bônus para ele." Minutos depois, mais calmo, ele disse estar "aberto ao diálogo."