Exame Logo

Walter Delgatti, hacker da 'Vaza Jato', é condenado a 20 anos de prisão

Ele foi investigado na Operação Spoofing, que apura vazamento de conversas de autoridades da Operação Lava-Jato

Delgatti: hacker deu depoimento à CPMI do 8 de janeiro (Mateus Bonomi/Getty Images)

Publicado em 21 de agosto de 2023 às 18h16.

Última atualização em 21 de agosto de 2023 às 18h37.

A Justiça do Distrito Federal anunciou nesta segunda-feira, 21, a condenação do hacker Walter Delgatti Neto a 20 anos e um mês de prisão na Operação Spoofing. A ação investiga vazamento de conversas de autoridades ligadas à Operação Lava-Jato.

Delgatti foi condenado por crime de organização criminosa, lavagem e ocultação de bens, direitos e valores, por invadir dispositivo informático de uso alheio com o fim de obter, adulterar ou destruir provas.

Veja também

Neste momento, o hacker está preso em razão de outra investigação que apura suspeita de que ele recebeu pagamentos pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sistemas eletrônicos do Poder Judiciário.

Receba as notícias mais relevantes do Brasil e do mundo em primeira mão. Inscreva-se no Telegram da Exame

O juiz da sentença na Operação Spoofing, Ricardo Augusto Soares Leite, substituto 10ª Vara Federal do Distrito Federal, explicou que muitas autoridades foram hackeadas e a invasão de dados foi comprada durante investigação.

"A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões", disse o magistrado. “Seus ataques cibernéticos foram direcionados a diversas autoridades públicas, em especial agentes responsáveis pela persecução penal, além de diversos outros indivíduos que possuem destaque social, bastando verificar as contas que tiveram conteúdo exportado".

"É reincidente, conforme comprova sua ficha criminal e possui outros registros penais. Conduta social que deve ser avaliada de forma desfavorável, já que, para continuar com seu intento criminoso e escapar do cumprimento do mandado de prisão emitido em seu desfavor, utilizou-se do nome de Danilo Cristina Marques", afirma Leite.

O magistrado destacou que Delgatti chegou a propor a venda do material hackeado para a imprensa por R$ 200 mil.

Leite também classifica que Delgatti tem "personalidade que deve ser avaliada de forma desfavorável, ante o exibicionismo de suas condutas ilícitas (materializadas nas imagens encontradas em seu computador) e a qualificação de forma pública e virtuosa de seus atos criminosos, intitulando-os de “ajuda ao povo brasileiro”.

Ainda segundo o juiz, é "inequívoca a posição de Walter como líder da organização criminosa, utilizando-se de facilidades que cada um dos denunciados poderia lhe proporcionar, situação que contribuiu para o sucesso da atividade criminosa".

Crime

Delgatti havia sido preso na Operação Spoofing, deflagrada em julho de 2019 pela Polícia Federal. Ele próprio admitiu ter invadido o Telegram das autoridades. Em setembro de 2020, porém, a Justiça revogou sua prisão preventiva e determinou a utilização de tornozeleira eletrônica.

O "hacker de Araraquara", como ficou conhecido, foi preso novamente em outras duas ocasiões. A última delas ocorreu por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em razão da suspeita de invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserir documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

(Com O Globo)

Acompanhe tudo sobre:CPMI do 8 de janeiroOperação Lava Jato

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame