Os ministros Marco Aurélio Mello, Cezar Peluso, e Ricardo Lewandowski, no segundo dia de julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal: Peluso pode não terminar participação no julgamento (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2012 às 21h33.
Brasília - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, disse nesta terça-feira que um voto parcial do colega Cezar Peluso, prestes a se aposentar, na ação penal sobre o chamado mensalão seria uma "problemática".
Na avaliação de Marco Aurélio Mello, um dos primeiros a mostrar contrariedade com a forma de voto fatiada proposta pelo relator da ação penal, ministro Joaquim Barbosa, o julgamento do caso deve se estender ao menos até outubro, com possibilidade de se prolongar também por esse mês.
"Surge esta perplexidade, uns acusados julgados por colegiado de 11 integrantes, outros por colegiado de 10. É uma problemática", disse o ministro ao comentar a provável hipótese de Peluso votar somente em partes do processo, já que será aposentado compulsoriamente em 3 de setembro, quando completará 70 anos.
"Nós temos implicações. Quando algo começa errado, é muito difícil depois consertar", acrescentou o ministro.
Pela forma de voto proposta por Barbosa, os ministros votarão cada um dos itens da denúncia contra os 37 réus de forma separada.
Ou seja, encerrado o primeiro item analisado por Barbosa, o que ocorreu na sessão de segunda-feira, o ministro revisor, Ricardo Lewandowski, analisará esta parte da acusação e será seguido pelos demais nove ministros. Desta forma, é praticamente impossível Peluso conseguir se manifestar sobre todos os sete itens da denúncia.
Marco Aurélio também criticou a possibilidade de Peluso se pronunciar sobre a culpabilidade de alguns dos réus e não sobre o tamanho das penas em caso de condenação. Ficou acertado entre os ministros que primeiro se manifestarão sobre se os réus são culpados ou inocentes, só depois decidirão o tempo das penas, a chamada dosimetria.
"Não existe condenação sem pena", argumentou o magistrado que, com a ausência de Peluso na Corte a partir do início de setembro, aponta uma grande possibilidade de empate entre os ministros.
Nesse caso, Marco Aurélio disse defender que o voto de desempate seja dado pelo presidente da Corte, ministro Carlos Ayres Britto.