Vinte anos depois, Azeredo pode ser preso pelo mensalão tucano
ÀS SETE - Nesta terça-feira, o ex-governador mineiro terá os recursos finais do mensalão tucano julgados pelo Tribunal de Justiça (TJ) de Minas Gerais
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2018 às 06h54.
Última atualização em 24 de abril de 2018 às 08h38.
O PSDB enfrenta os piores dias de sua história. Depois da acachapante derrota do senador Aécio Neves (PSDB-MG) no Supremo Tribunal Federal, ao tornar-se réu por corrupção passiva e obstrução de Justiça na semana passada, chegou a vez de outro destacado político da legenda passar pelo calvário.
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O ex-governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB) terá os recursos finais do mensalão tucano julgados pelo Tribunal de Justiça (TJ) de Minas Gerais nesta terça-feira.
É um episódio clássico da lentidão do judiciário em julgar políticos no Brasil. Azeredo foi condenado por peculato e lavagem de dinheiro por desviar verbas de estatais do governo para sua campanha à reeleição em 1998 — há 20 anos.
A denúncia contra o ex-governador foi apresentada em 2007 e a sentença em primeira instância saiu apenas em 2015. Em agosto do ano passado, o TJ de Minas fixou a condenação em 20 anos e um mês de prisão.
Azeredo ganhou tempo pois teve direito aos embargos infringentes, quando há discordância no tribunal colegiado à respeito da condenação.
Finalmente, se os embargos finais forem rejeitados nesta terça, o tucano pode iniciar o cumprimento de pena ainda nesta semana.
Não é demais lembrar, porém, que a detenção só pode acontecer por conta do entendimento do Supremo Tribunal Federal que permite a prisão em segunda instância. Não fosse assim, ainda caberia apelação aos tribunais superiores de Brasília e Azeredo seguiria livre, com alto risco de prescrição.
O caso destoa da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso há duas semanas, apenas nove meses depois da condenação em primeiro grau. Ainda assim, a provável prisão do tucano ajuda a afastar o que se chamava no PT de perseguição contra um único partido.
Para o país, o cerco à corrupção terá cumprido seu papel, mesmo, quando o Supremo Tribunal Federal enfim começar a condenar políticos por crimes na Lava-Jato. Até agora, em quatro anos, ninguém foi preso. O relógio segue avançando.