Os Estados Unidos estão orgulhosos de apoiar esses esforços, disse Pence (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 26 de junho de 2018 às 14h28.
Última atualização em 26 de junho de 2018 às 14h39.
Washington e Brasília - O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, inicia nesta terça-feira, 26, sua primeira visita ao Brasil com uma agenda focada em Venezuela, cooperação espacial, defesa e comércio, que se transformou na palavra-chave para os americanos se referirem à crescente presença econômica da China na região.
O presidente Michel Temer usará o encontro para manifestar preocupação em relação à situação de crianças brasileiras separadas de seus pais na fronteira com o México, em consequência da política de "tolerância zero" para imigração ilegal da Casa Branca.
O número de crianças e adolescentes brasileiros em abrigos para menores nos EUA subiu para 51, com a localização de uma criança no Texas e outra em Chicago, disse o cônsul adjunto do Brasil em Houston, Felipe Santarosa.
Pence é o mais graduado integrante do governo americano a visitar o Brasil desde a posse do presidente Donald Trump, há quase um ano e meio. Em agosto, ele fez sua primeira viagem à América Latina, com um roteiro que excluiu o Brasil e o levou à Argentina, Chile, Colômbia e Panamá.
Após se encontrar com Temer, em Brasília, Pence vai na quarta-feira, 27, a Manaus, onde visitará a Casa da Acolhida Santa Catarina, que atua como um centro de refugiados da Venezuela, cuja crise está no centro da política americana para a região.
Até a noite desta segunda-feira, 25, os dois lados negociavam o teor de uma declaração conjunta sobre cooperação na área espacial. Na véspera da chegada de Pence, Temer promulgou um acordo bilateral sobre o assunto que já havia sido aprovado pelo Congresso brasileiro. Trata-se de um acordo de caráter geral na área espacial assinado pelos dois países em 2011, que servirá como um "guarda-chuva" para outros entendimentos mais específicos.
Entre eles, o acordo de salvaguardas tecnológicas que está em negociação e, se concluído, abrirá o caminho para o uso da base de Alcântara (MA) para o lançamento de satélites. Mas as conversas estão em estágio inicial e é improvável que haja qualquer decisão sobre o assunto no encontro entre Pence e Temer. O acordo-quadro vale por 20 anos, mas pode ser prorrogado.
O entendimento prevê que a cooperação entre Brasil e EUA ocorrerá nas seguintes áreas: ciência, observação e monitoramento da Terra, ciência espacial, sistemas de exploração, operações espaciais e "outras áreas relevantes de interesse mútuo".
Além de vice-presidente, Pence é presidente do Conselho Nacional Espacial, órgão recriado por Trump para supervisionar a política americana para o espaço. Fonte do Palácio do Planalto disse que a declaração, se assinada, dará impulso político para a aproximação entre a Nasa, agência espacial dos EUA, e a Agência Espacial Brasileira.
O embaixador do Brasil nos EUA, Sergio Amaral, disse que a visita ocorre em um momento de intensificação dos contatos de alto nível entre governos dos dois países. No início do mês, o chanceler, Aloysio Nunes, se reuniu em Washington com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo. No mês anterior, o número dois da diplomacia americana, John Sullivan, esteve em Brasília.
"As relações bilaterais estão boas e, em algumas áreas, bastante boas", afirmou Amaral. O embaixador observou que os investimentos americanos no Brasil quase dobraram no ano passado, quando atingiram US$ 11 bilhões, segundo ele. Mas os países também têm uma série de divergências, em especial nas áreas comercial e multilateral. Os EUA impuseram cotas sobre a importação de aço e de alumínio do Brasil.
"A visita terá o objetivo de mostrar a importância do Brasil para os EUA, um aliado crítico na região", afirmou Jason Marczak, diretor do programa para América Latina do Atlantic Council. "A China será um dos tópicos de discussão e o vice-presidente deverá ressaltar o papel dos EUA como parceiro comercial e fonte de investimentos para o Brasil."
O governo Trump mostra alarme crescente em relação à presença econômica da China na América Latina, onde o país asiático é o principal parceiro comercial de uma série de países, entre os quais o Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.