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Vazamentos de mineroduto em MG deixaram moradores sem água e sem trabalho

"Era o dia inteiro transportando água em garrafas de dois litros, só pra fazer comida e café. Para tomar banho, não dava"

Esteira da mineradora Anglo American transporta minério de ferro (Anglo American/Divulgação)

Esteira da mineradora Anglo American transporta minério de ferro (Anglo American/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de abril de 2018 às 09h47.

Última atualização em 22 de abril de 2018 às 09h47.

Morador da zona rural de Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata em Minas, o produtor rural Antônio Pereira de Acipresti, de 53 anos, foi um dos atingidos pelo vazamento do mineroduto da empresa Anglo American, que corta o município.

Antônio trabalhava com criação de gado em área de 15 hectares que possui a 10 km da cidade. Do outro lado da estrada que serve sua propriedade, passa o mineroduto. No segundo dos dois vazamentos de minério de ferro que ocorreram na estrutura, nos dias 12 e 29 do mês passado, pelo menos a metade de sua área recebeu uma verdadeira “chuva” de minério de ferro.

"Dizem que eu só poderei voltar a mexer lá daqui a um ano e meio", diz o trabalhador, que iniciou negociações com a empresa para ser indenizado. "Estou desanimado. A firma é muito rica e eu sou pobre. Vamos ver o que acontece", afirma.

Na área atingida não havia construções, mas pasto para o gado. No momento do estouro, o produtor rural, que mora com a mulher e dois filhos em um terreno do pai, também na região, tinha na área 14 cabeças de gado, que conseguiu salvar.

O vazamento do minério da Anglo American que deixou Antônio sem trabalho atingiu também o ribeirão Santo Antônio do Grama, responsável pelo abastecimento de água da cidade, que tem cerca de cinco mil habitantes.

Depois do primeiro vazamento, moradores relatam ter ficado uma semana sem água nas caixas.

A população diz ainda que a distribuição de água por caminhões pipa, organizada pela mineradora, só começou dois dias depois do vazamento do minério.

"Ficar dois dias sem água pra tomar banho e até para fazer comida? Foi muito ruim", relata o servente de pedreiro Marcio Célio Maia, de 33 anos, que tem uma filha e mora com o irmão.

O que "salvou", segundo ele, foi uma bica d’água que existe na área urbana do município. "Era o dia inteiro transportando água em garrafas de dois litros, só pra fazer comida e café. Para tomar banho, não dava", conta Maria das Graças Flores Reis.

Depois do primeiro estouro do mineroduto, um outro ponto de captação de água foi montado para abastecimento da cidade. Com isso, no segundo vazamento, o fornecimento não foi prejudicado. Essa é a captação que vem garantindo água na cidade hoje.

Sobre a indenização aos moradores, a Anglo American afirma que "não comenta sobre negociações individuais". Em relação à falta d’água ocorrida na cidade, por causa do primeiro vazamento, a empresa disse que "a captação de água em Santo Antônio do Grama foi interrompida no dia 12 e que a população passou a ser atendida com caminhões-pipa e galões de água mineral".

Segundo a empresa, já foi concluída a construção de uma nova adutora, "garantindo uma segunda opção de fornecimento de água para a cidade de forma permanente".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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