São Paulo - O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, mandou um repórter que trabalha para o jornal O Estado de S. Paulo "chafurdar no lixo" nesta terça.

Segundo áudio gravado por um jornalista da Folha, o repórter Felipe Recondo abordou o presidente com uma pergunta: "Presidente, como o senhor está vendo...", mas foi interrompido por Barbosa, que disse: "Não estou vendo nada. Me deixa em paz, rapaz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre".

Recondo chegou a questionar a atitude do presidente do STF. "Que é isso ministro, o que houve?". Mas Barbosa respondeu: "Estou pedindo, me deixe em paz. Já disse várias vezes ao senhor".

O jornalista chegou a responder novamente, "Eu tenho que fazer pergunta, é meu trabalho.", ao que Barbosa respondeu, gritando: "Eu não tenho nada a lhe dizer. Não quero nem saber do que o senhor está tratando."

Já nos elevadores do prédio, Joaquim Barbosa chegou a dizer, em voz alta, "palhaço".

Essa não é a primeira vez que o presidente do STF se envolve em polêmicas com jornalistas em Brasília. Em novembro do ano passado, Barbosa criticou um repórter que havia questionado se ele estava "sereno no novo cargo". Segundo o ministro, o jornalista teria replicado estereótipos racistas com o questionamento.

Nota de desculpa - No fim da tarde, Joaquim Barbosa divulgou uma nota assinada pelo secretário de Comunicação do Supremo pedindo desculpas pela resposta "ríspida" que deu ao jornalista. Ele culpou o "cansaço e fortes dores". Confira nota na íntegra:

"Em nome do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Joaquim Barbosa, peço desculpas aos profissionais de imprensa pelo episódio ocorrido hoje, quando após uma longa sessão do Conselho Nacional de Justiça, o presidente, tomado pelo cansaço e por fortes dores, respondeu de forma ríspida à abordagem feita por um repórter. Trata-se de episódio isolado que não condiz com o histórico de relacionamento do Ministro com a imprensa.

O ministro Joaquim reafirma sua crença no importante papel desempenhado pela imprensa em uma democracia. Seu apego à liberdade de opinião está expresso em seu permanente diálogo com profissionais dos mais diversos veículos. Seu respeito pelos profissionais de imprensa traduz-se em iniciativas como o diálogo que iniciará no próximo dia 07 de março, quando receberá em audiência o Sr. Carlos Lauria, representante do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), ONG com sede em Nova Iorque.

Wellington Geraldo Silva
Secretário de Comunicação Social – SCO
Supremo Tribunal Federal"