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UTC venceu licitação mesmo com preço até 795% maior

A auditoria mostrou que em todos os casos a BR pagou a mais para atender à empreiteira. A UTC já confessou ter pago propina de R$ 20 mi em troca dos contratos

Irregularidades: a auditoria mostrou que em todos os casos a BR pagou a mais para atender à empreiteira. A UTC já confessou ter pago propina de R$ 20 milhões em troca dos contratos (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2015 às 12h43.

Brasília - A UTC Engenharia conseguiu vencer licitações na BR Distribuidora mesmo apresentando proposta de preço até 795% maior do que o estimado pela subsidiária de distribuição da Petrobras em alguns itens das obras.

Relatório de auditoria da empresa, instaurada após a Operação Lava Jato encontrar irregularidades em quatro licitações vencidas pela empreiteira, identificou que em todos os casos a BR pagou a mais ou ajustou o preço estimado para atender à empreiteira. ­

A UTC já confessou ter pago propina de R$ 20 milhões em troca dos contratos.

O jornal O Estado de S.Paulo revelou nesta segunda-feira, 24, que a auditoria, até então inédita, também mostrou que a BR direcionou as licitações para incluir empresas que atuavam como cartel na Petrobras no chamado "clube da propina" entre as convidadas para o certame.

Projeto executivo

No caso dos preços, o mais gritante foi a ampliação do Terminal de Duque de Caxias (Teduc). A proposta da UTC para o projeto executivo da obra foi de R$ 895.548,11.

A estimativa de preço da BR nesse item era de R$ 100 mil, ou seja, uma variação de 795,5481%. Ao final, a BR aceitou pagar o valor cobrado pela UTC pelo projeto executivo, aumentando o custo total da obra em 12,63%.

Para os auditores, a BR justificou que o preço final mais alto ocorreu por causa da elevação no valor do aço na época, em 2010. No período, contudo, o reajuste do aço ficou bem abaixo, entre 5% e 9%.

Em outro caso, a BR também aceitou pagar 521,61% a mais do que previa para a UTC pela concretagem de quatro estacas na obra de ampliação da Base de Caracaraí, dentro do projeto Cais Flutuante na Amazônia. A UTC conseguiu ganhar a licitação mesmo apresentando 14 preços acima de 100% do estimado pela BR.

Em outra obra do projeto, o Cais Flutuante Bemar, a auditoria encontrou uma estimativa inicial de preço de R$ 31 milhões, mas o valor aprovado pela diretoria da empresa foi 83% maior. Em três meses, por exemplo, a empresa alterou a estimativa de preço para os cascos do Cais Flutuante para valor 117% maior.

Mais um exemplo encontrado pelos auditores foi aumento de 62% em estimativa inicial para obra de construção da Base de Distribuição de Cruzeiro do Sul/AC, de R$ 95 milhões para R$ 154 milhões, sendo que a capacidade dos tanques foi reduzida em 21%.

Ao questionar servidores da empresa sobre existência de duas planilhas de estimativa de preço ­ a elaborada inicialmente e a aprovada pela diretoria­, os auditores ouviram como resposta que ninguém se recordava da planilha com valor mais baixo. Apesar da diferença nos preços, as duas planilhas apresentavam os mesmos itens, alguns elevados em até 197%.

Estatal

Em nota, o comando da BR Distribuidora informou que instaurou a auditoria assim que soube das irregularidades apontadas pela Lava Jato e que o resultado foi encaminhado para os órgãos competentes.

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Brasília - A UTC Engenharia conseguiu vencer licitações na BR Distribuidora mesmo apresentando proposta de preço até 795% maior do que o estimado pela subsidiária de distribuição da Petrobras em alguns itens das obras.

Relatório de auditoria da empresa, instaurada após a Operação Lava Jato encontrar irregularidades em quatro licitações vencidas pela empreiteira, identificou que em todos os casos a BR pagou a mais ou ajustou o preço estimado para atender à empreiteira. ­

A UTC já confessou ter pago propina de R$ 20 milhões em troca dos contratos.

O jornal O Estado de S.Paulo revelou nesta segunda-feira, 24, que a auditoria, até então inédita, também mostrou que a BR direcionou as licitações para incluir empresas que atuavam como cartel na Petrobras no chamado "clube da propina" entre as convidadas para o certame.

Projeto executivo

No caso dos preços, o mais gritante foi a ampliação do Terminal de Duque de Caxias (Teduc). A proposta da UTC para o projeto executivo da obra foi de R$ 895.548,11.

A estimativa de preço da BR nesse item era de R$ 100 mil, ou seja, uma variação de 795,5481%. Ao final, a BR aceitou pagar o valor cobrado pela UTC pelo projeto executivo, aumentando o custo total da obra em 12,63%.

Para os auditores, a BR justificou que o preço final mais alto ocorreu por causa da elevação no valor do aço na época, em 2010. No período, contudo, o reajuste do aço ficou bem abaixo, entre 5% e 9%.

Em outro caso, a BR também aceitou pagar 521,61% a mais do que previa para a UTC pela concretagem de quatro estacas na obra de ampliação da Base de Caracaraí, dentro do projeto Cais Flutuante na Amazônia. A UTC conseguiu ganhar a licitação mesmo apresentando 14 preços acima de 100% do estimado pela BR.

Em outra obra do projeto, o Cais Flutuante Bemar, a auditoria encontrou uma estimativa inicial de preço de R$ 31 milhões, mas o valor aprovado pela diretoria da empresa foi 83% maior. Em três meses, por exemplo, a empresa alterou a estimativa de preço para os cascos do Cais Flutuante para valor 117% maior.

Mais um exemplo encontrado pelos auditores foi aumento de 62% em estimativa inicial para obra de construção da Base de Distribuição de Cruzeiro do Sul/AC, de R$ 95 milhões para R$ 154 milhões, sendo que a capacidade dos tanques foi reduzida em 21%.

Ao questionar servidores da empresa sobre existência de duas planilhas de estimativa de preço ­ a elaborada inicialmente e a aprovada pela diretoria­, os auditores ouviram como resposta que ninguém se recordava da planilha com valor mais baixo. Apesar da diferença nos preços, as duas planilhas apresentavam os mesmos itens, alguns elevados em até 197%.

Estatal

Em nota, o comando da BR Distribuidora informou que instaurou a auditoria assim que soube das irregularidades apontadas pela Lava Jato e que o resultado foi encaminhado para os órgãos competentes.

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