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Uso de fuzis desafia serviços de emergência

Entre 25% e 30% de pacientes vítimas de bala no RJ foram atingidos pelos chamados projéteis de alta velocidade, disparados por armas como fuzis

Fuzil: "com os armamentos pesados, o que tem acontecido é que as pessoas não estão chegando às emergências", diz especialista (Vitaly V. Kuzmin/Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2015 às 10h49.

Rio - A cada 3 horas e meia, no Rio , uma pessoa baleada ingressa nos hospitais das redes estadual e municipal.

Entre 25% e 30% desses pacientes foram atingidos pelos chamados projéteis de alta velocidade, disparados por armas como fuzis.

O atendimento a pacientes com ferimentos cada vez mais graves, as manobras para evitar sequelas e as estratégias de atendimento de múltiplas vítimas serão debatidos a partir de terça-feira no 41.º Congresso Brasileiro de Angiologia e de Cirurgia Vascular, a ser realizado na capital fluminense.

"Até o início dos anos 2000, cada grande emergência dos hospitais públicos recebia em média 1.500 baleados por ano. Esse número caiu e a primeira interpretação poderia ser a de que a violência diminuiu, porque também houve redução do número de mortes. Mas, com os armamentos pesados, o que tem acontecido é que as pessoas não estão chegando às emergências. Elas não resistem aos ferimentos, essa é a nossa preocupação", afirmou o médico Rossi Murilo, presidente do congresso e diretor do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac).

Para debater o tema, foi convidado o médico americano Charles J. Fox, professor associado da Escola de Medicina da Universidade do Colorado e chefe do Serviço de Cirurgia Vascular do Denver Health Medical Center (EUA). Com formação como paramédico, ele integrou o corpo médico das Forças Armadas e atuou nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

Entre os trabalhos de Fox, está a pesquisa sobre lesões em crianças feridas durante guerras. O estudo mostrou que o controle de danos - intervenção precoce nas veias e artérias atingidas - reduz os casos de amputação. "Nas guerras atuais, lesões por pequenas armas de fogo têm uma excelente taxa de sobrevivência, mais de 90%.

Mas muitas lesões resultam na destruição de tecidos moles, significativo potencial de lesão de nervos e perda da função das extremidades", afirmou Fox ao Estado, por e-mail.

A grande dificuldade no Rio está na qualidade do transporte. Quando os feridos são atingidos em favelas, áreas geralmente conflagradas por embates entre policiais e criminosos, o socorro não é feito por equipe especializada, mas por um vizinho ou a polícia.

"Os grandes centros de trauma estão bem estruturados. A questão é estabilizar o paciente, que está em choque porque perde muito sangue, e transportá-lo para esses hospitais. O que é possível ser feito por militares ou por leigos é a compressão da área, qualquer alternativa que coíba o processo hemorrágico", disse Murilo.

Fox dará palestra no congresso sobre o tratamento de lesões complexas a partir de experiências no Iraque e no Afeganistão, trauma em crianças e intervenções na carótida, entre outros temas.

"As técnicas endovasculares evoluíram muito nos últimos anos. Hoje conseguimos minimizar a exposição do paciente a uma cirurgia de grande porte com esses procedimentos menos invasivos. É importante trocar experiências sobre o assunto para que os médicos do Brasil possam aprender e difundir essas técnicas", afirmou Murilo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Rio - A cada 3 horas e meia, no Rio , uma pessoa baleada ingressa nos hospitais das redes estadual e municipal.

Entre 25% e 30% desses pacientes foram atingidos pelos chamados projéteis de alta velocidade, disparados por armas como fuzis.

O atendimento a pacientes com ferimentos cada vez mais graves, as manobras para evitar sequelas e as estratégias de atendimento de múltiplas vítimas serão debatidos a partir de terça-feira no 41.º Congresso Brasileiro de Angiologia e de Cirurgia Vascular, a ser realizado na capital fluminense.

"Até o início dos anos 2000, cada grande emergência dos hospitais públicos recebia em média 1.500 baleados por ano. Esse número caiu e a primeira interpretação poderia ser a de que a violência diminuiu, porque também houve redução do número de mortes. Mas, com os armamentos pesados, o que tem acontecido é que as pessoas não estão chegando às emergências. Elas não resistem aos ferimentos, essa é a nossa preocupação", afirmou o médico Rossi Murilo, presidente do congresso e diretor do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac).

Para debater o tema, foi convidado o médico americano Charles J. Fox, professor associado da Escola de Medicina da Universidade do Colorado e chefe do Serviço de Cirurgia Vascular do Denver Health Medical Center (EUA). Com formação como paramédico, ele integrou o corpo médico das Forças Armadas e atuou nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

Entre os trabalhos de Fox, está a pesquisa sobre lesões em crianças feridas durante guerras. O estudo mostrou que o controle de danos - intervenção precoce nas veias e artérias atingidas - reduz os casos de amputação. "Nas guerras atuais, lesões por pequenas armas de fogo têm uma excelente taxa de sobrevivência, mais de 90%.

Mas muitas lesões resultam na destruição de tecidos moles, significativo potencial de lesão de nervos e perda da função das extremidades", afirmou Fox ao Estado, por e-mail.

A grande dificuldade no Rio está na qualidade do transporte. Quando os feridos são atingidos em favelas, áreas geralmente conflagradas por embates entre policiais e criminosos, o socorro não é feito por equipe especializada, mas por um vizinho ou a polícia.

"Os grandes centros de trauma estão bem estruturados. A questão é estabilizar o paciente, que está em choque porque perde muito sangue, e transportá-lo para esses hospitais. O que é possível ser feito por militares ou por leigos é a compressão da área, qualquer alternativa que coíba o processo hemorrágico", disse Murilo.

Fox dará palestra no congresso sobre o tratamento de lesões complexas a partir de experiências no Iraque e no Afeganistão, trauma em crianças e intervenções na carótida, entre outros temas.

"As técnicas endovasculares evoluíram muito nos últimos anos. Hoje conseguimos minimizar a exposição do paciente a uma cirurgia de grande porte com esses procedimentos menos invasivos. É importante trocar experiências sobre o assunto para que os médicos do Brasil possam aprender e difundir essas técnicas", afirmou Murilo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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