Fake news: ferramenta da USP e Ufscar ajudam a detectar notícias falsas ou verdadeiras (Hero Images/Getty Images)
Guilherme Dearo
Publicado em 16 de outubro de 2018 às 11h52.
Última atualização em 16 de outubro de 2018 às 12h11.
São Paulo - Com as fake news - as notícias falsas - como uma das polêmicas protagonistas das eleições 2018, duas universidades criaram uma ferramenta para ajudar brasileiros a detectarem tais informações fraudulentas e evitarem o seu compartilhamento.
A ferramenta piloto criada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ainda em fase de aperfeiçoamento, é gratuita e analisa para o interessado o conteúdo do texto com 90% de precisão, alertando se são notícias totalmente verdadeiras ou totalmente falsas.
Um dos responsáveis pelo projeto "Detecção Automática de Notícias Falsas para o Português" é o coordenador e professor Thiago Pardo, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e pesquisador do Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional (NILC).
A ferramenta ainda não consegue detectar textos mentirosos que se baseiam em notícias verdadeiras. Por enquanto, consegue apenas detectar os fatos totalmente inventados. Os pesquisadores continuam a desenvolver a ferramenta e aumentar a sua capacidade de interpretação.
Pela internet, o interessado pode acessar o site da ferramenta e colocar a notícia que deseja analisar.
Para acessar via WhatsApp, é preciso acessar este link no smartphone. Ele vai redirecionar automaticamente para uma janela de troca de mensagens do WhatsApp e vai aparecer “Nilc-FakeNews” na tela. Apertando a tecla "enviar", o usuário vai receber a mensagem “Olá! Seja bem-vindo ao detector de fake news do NILC-USP – Detecção Automática de Notícias Falsas para o Português! O sistema irá utilizar o modelo de detecção para avaliar se a notícia é falsa ou verdadeira. Insira o corpo de uma notícia.”
Depois disso, basta colocar o corpo da notícia que deseja checar se é verdadeira ou falsa. Se for fake news, aparecerá a mensagem de alerta: “Essa notícia pode ser falsa. Por favor, procure outras fontes confiáveis antes de divulgá-la”.
Após cerca de vinte minutos sem uso, é necessário reativar o acesso ao sistema. Para isso, é preciso a digitar a palavra “fake” e apertar "enviar". O usuário receberá novamente a mensagem “Olá! Seja bem-vindo...”. Em seguida, pode colar outra notícia que deseja enviar para checagem.
A ferramenta funciona usando técnicas de inteligência artificial e machine learning. O computador foi alimentando com 3,6 mil textos falsos e 3,6 mil textos verdadeiros, todos publicados em sites brasileiros entre janeiro de 2016 e janeiro de 2018.
A partir desses dados iniciais, ele pode reconhecer padrões nas construções textuais e uso de palavras dos dois tipos de conteúdo, fakes e não. Com esses padrões, é possível identificar novos casos. Entre os elementos que servem para reconhecer padrões, estão o tamanho do texto, o número de verbos, pronomes e advérbios, o número de links dentro do texto e até a porcentagem de erros gramaticais ou palavras escritas sem acentos.
Notícias falsas, por exemplos, vindas de fontes duvidosas e muitas vezes não profissionais, tendem a cometer muito mais erros de Português, por exemplo. 36% das fake news trazem erros, enquanto apenas 3% das notícias verdadeiras apresentam o mesmo. As notícias falsas também são textos cujas palavras e adjetivos revelam emotividade. As fake news também trazem textos mais curtos.
A lista completa dos pesquisadores envolvidos com o projeto está aqui.