Um problema chamado PMDB
Doze dias após assumir a presidência, Michel Temer já tem um escândalo para chamar de seu. Não sem aviso, seu ministro do Planejamento, Romero Jucá, foi apanhado em uma constrangedora conversa com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, sobre uma estratégia de usar o impeachment para “abafar” a Lava-Jato. Se o governo Dilma naufragou ao perder […]
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2016 às 06h12.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h50.
Doze dias após assumir a presidência, Michel Temer já tem um escândalo para chamar de seu. Não sem aviso, seu ministro do Planejamento, Romero Jucá, foi apanhado em uma constrangedora conversa com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, sobre uma estratégia de usar o impeachment para “abafar” a Lava-Jato. Se o governo Dilma naufragou ao perder o apoio de seus próprios aliados, o maior problema de Temer é justamente o seu partido, o PMDB.
Além de Jucá, que deve voltar ao Senado, outros peemedebistas de peso são investigados pela Lava-Jato. O célebre presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, é até o momento o único réu da operação no Supremo e tem três denúncias e outros três inquéritos em andamento. No Senado, o presidente Renan Calheiros coleciona nove inquéritos.
São investigados o ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, os senadores Valdir Raupp e Jader Barbalho e o ministro do Turismo, Henrique Alves. Na cúpula de governo, o ministro Geddel Vieira Lima foi citado em delações premiadas que envolvem a construtora OAS. Renan e o ex-senador José Sarney também teriam sido gravados por Machado. É questão de tempo até o próximo escândalo emergir.
Para os otimistas, Temer agiu com velocidade e sufocou o problema logo no início. Mas o fato é que, ao optar por formar uma equipe com tantos investigados, Temer trouxe para a Lava-Jato para dentro do Planalto — e deu munição à oposição. O PSOL pediu a prisão de Jucá. O PT pretende obstruir hoje a votação da meta fiscal. “A queda de Jucá vai reforçar a defesa da Dilma, que alegará que o processo de impeachment foi político e feito para conter a Lava-Jato”, diz o analista político Juliano Griebeler, da consultoria Barral M Jorge. O fortalecimento da oposição é um incômodo. Mas os maiores problemas de Temer estão mesmo entre seus aliados mais próximos.