Eduardo Cunha (PMDB-RJ) após entrevistas na Câmara (José Cruz/Agência Brasil)
Talita Abrantes
Publicado em 16 de outubro de 2015 às 14h00.
São Paulo – O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu, na noite de ontem, uma nova frente de investigações de atividades suspeitas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Na mira do novo inquérito estão as contas secretas atribuídas ao peemedebista na Suíça.
A suspeita é de que um contrato de 34,5 milhões de dólares fechado em 2011 pela Petrobras, em Benin, na África, serviu para irrigar as contas na Suíça cujos beneficiários são Cunha e a esposa, Cláudia Cruz.
O presidente da Câmara nega que seja detentor de contas no país. Nesta sexta, a TV Globo teve acesso a imagens de passaporte e assinatura do peemedebista que comprovam a titularidade das contas.
A PGR afirma que há indícios de corrupção e lavagem de dinheiro por parte de Eduardo Cunha e a mulher, Cláudia Cruz. A filha do primeiro casamento do peemedebista, Danielle Dytz da Cunha Doctorovich, também será investigada por deter cartão de crédito vinculado à principal conta do presidente da Câmara na Suíça.
Veja os principais fatos sobre as contas da família na Suíça:
Mais de R$ 10 milhões bloqueados
Segundo as investigações do Ministério Público da Suíça, Cunha é beneficiário final de uma conta aberta em nome da empresa Netherton Investments PTE LTD em setembro 2008 – que, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo, foi criada pelo mesmo homem que ajudou o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró a abrir uma conta na Suíça.
A esposa do peemedebista, Cláudia Cordeiro Cruz, por sua vez, responde pela conta Kopek, aberta em janeiro de 2008. Em abril deste ano, o equivalente a 10,3 milhões de reais foi bloqueado em ambas contas.
Duas contas fechadas dias após o início da Lava Jato
Ainda de acordo como o dossiê suíço, Cunha é o beneficiário final de outras duas contas – que foram fechadas em 9 de abril do ano passado, menos de um mês depois do início das investigações da Operação Lava Jato.
6 depósitos de R$ 5,3 milhões suspeitos
Entre maio e junho de 2011, uma dessas contas – com sede em Edimburgo, na Grã Bretanha – recebeu o equivalente a 5,3 milhões de reais em depósitos feitos pela empresa ACONA International Investments Ltd.
Os pagamentos foram realizados por meio de uma conta na Suíça cuja beneficiário é o lobista João Augusto Henriques, ex-funcionário da Petrobras preso na Operação Lava Jato. Ele é apontado como lobista do PMDB desde 1999, quando deixou a estatal.
Um negócio de US$ 34,5 milhões na mira das investigações
De acordo com o relatório da PGR, Henriques combinou que receberia a comissão de 10 milhões de dólares de um contrato de 34,5 milhões de dólares fechado entre a Compagnie Béninoise de Hydrocarbures (CBH) e a Petrobras em Benin, na África.
Dois dias depois da celebração do contrato em maio de 2011, Jorge Henriques recebeu o montante combinado e, em seguida, transferiu em 6 depósitos o equivalente a 5,3 milhões de reais para a conta controlada por Eduardo Cunha.