Doria e Alckmin: prefeito disse que não tem intenção de abandonar o mandato para disputar o governo estadual (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de março de 2017 às 09h00.
São Paulo - Após o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), reconhecer publicamente pela primeira vez na semana passada a intenção de disputar o Palácio do Planalto em 2018, tucanos paulistas já defendem abertamente a candidatura do prefeito de São Paulo, João Doria, ao governo paulista.
Antes discutida de forma reservada pela cúpula e por parlamentares do PSDB paulista, a tese de lançar Doria ao Palácio dos Bandeirantes ganhou força neste domingo, 12.
"João Doria pensa em terminar o mandato, mas é possível que o partido o pressione a ser candidato a governador. Ele não quer e não vai ser candidato a presidente", disse à reportagem o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Em agenda pública ao lado do prefeito na manhã de domingo em Parelheiros, na zona sul da capital, Capez defendeu a "dorialização" da política.
O presidente da Alesp foi um dos primeiros parlamentares do PSDB a apoiar a candidatura de Doria à Prefeitura no início das prévias da legenda, quando o favorito era o então vereador Andrea Matarazzo, hoje no PSD.
O movimento busca ao mesmo tempo frear as especulações de que o prefeito pode entrar na disputa pela Presidência e impedir a articulação para que Alckmin apoie seu vice, Márcio França (PSB), na eleição estadual do ano que vem.
Presidente estadual do PSDB, o deputado Pedro Tobias segue na mesma linha. "Doria é uma estrela do partido e quem tem mais chances de ser candidato a governador. A população o apoia. Ele está preparado para disputar qualquer cargo, mas já deixou claro que o seu candidato a presidente é o Geraldo Alckmin", afirmou.
Antes cotado para a disputa em São Paulo pelo PSDB, o ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes vai assumir a vaga de Teori Zavascki no Superior Tribunal Federal (STF).
O nome do senador José Serra (PSDB-SP) também é lembrado como opção para 2018, mas tucanos avaliam que ele perdeu força após deixar o Itamaraty.
Auxiliares de Alckmin reconhecem que o prefeito surge como uma opção forte para a sucessão paulista, mas ponderam que o governador tem uma relação de lealdade recíproca e de confiança com Márcio França (PSB).
A possibilidade de apoiar o pessebista, portanto, não está descartada.
Desde que assumiu a Prefeitura, Doria adotou uma intensa agenda pública que inclui atividades midiáticas nos fins semanas e uma forte atuação nas redes sociais.
Com presidenciáveis tucanos já citados em delações da Odebrecht na Operação Lava Jato, o chefe do Executivo paulistano passou a ser lembrado como opção para 2018.
Doria negou, porém, que pretenda deixar o mandato antes de 2020 para disputar outro cargo. Procurada, a assessoria do prefeito não quis se manifestar sobre as declarações de "apoio" a seu nome.
França minimiza as declarações dos tucanos sobre Doria, mas deixa claro que a decisão de seu partido sobre a eleição em São Paulo será tomada à revelia do PSDB.
"Em festa de tucano, pomba (símbolo do PSB) não pia. A decisão do PSB será guiada pelos nossos interesses, que não necessariamente são iguais aos do PSDB", afirmou.
Aliados de França e dirigentes pessebistas garantem que ele será candidato a governador em qualquer cenário. A avaliação é de que não haveria outra opção, uma vez que ele será, com a eventual saída de Alckmin do cargo, governador por pelo menos nove meses em 2018. Sendo assim, ele não poderia concorrer a nenhum outro cargo e não teria nada a perder.
O PSB sinalizou ao governador, porém, que apoiaria um tucano em São Paulo se ele não se viabilizar no PSDB e disputar o Palácio do Planalto pelo partido.
Interlocutores de Alckmin na cúpula nacional do PSDB vão reforçar nesta semana a pressão para que o partido antecipe para o fim de 2017 a escolha de seu candidato a presidente.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.