Flávio Bolsonaro: em entrevista, senador acusou MP de investigá-lo para afetar governo de seu pai, Jair Bolsonaro (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2019 às 06h25.
Última atualização em 16 de julho de 2019 às 06h57.
São Paulo — E o Queiroz? A terça-feira deve trazer à tona, mais uma vez, novos desdobramentos do escândalo de corrupção que caiu sobre o filho mais velho do presidente, o Senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
Nesta terça-feira (16), a Justiça do Rio de Janeiro irá julgar um pedido de habeas corpus expedido pela defesa do parlamentar que considera ilegal a quebra do sigilo bancário e fiscal do político no caso Coaf.
Além de Flávio, pelo menos nove empresas e outras 85 pessoas ligadas a ele também tiveram suas contas investigadas pelo Ministério Público (MP) sob a suspeita de crimes como peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo em dezembro do ano passado, o Caso Coaf arranhou o capital político do filho “01” do presidente antes mesmo de ele tomar posse no Congresso, onde foi eleito como senador mais votado do Rio, com 31% dos votos válidos.
Segundo MP, entre os anos de 2007 e 2018, período que compreende as quebras de sigilo fiscal, o gabinete do então deputado estadual na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) realizou operações ilícitas ao pedir de volta parte do salário dos assessores empregados.
A investigação ainda aponta alguns desses contratados como funcionários fantasmas, uma vez que não possuíam sequer os crachás que dão acesso ao prédio da Alerj.
Para a justiça do Rio, o esquema de devolução dos salários, conhecido como “rachadinha”, era controlado pelo ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz. Em apenas um ano, Queiroz movimentou cerca de 1,2 milhão de reais, valor incompatível com seus rendimentos na época.
A sessão desta terça-feira, no entanto, não julgará o pedido de habeas corpus do ex-assessor, mas sim do próprio Flávio, que nega qualquer atividade ilícita e diz que seus sigilos bancários foram quebrados a fim de prejudicar o mandato de seu pai. Em fevereiro, a defesa do senador sofreu uma derrota no STF ao não conseguir a suspensão das investigações pelo Ministério Público
Eleito deputado estadual em 2002, Flávio Bolsonaro manteve uma cadeira na Alerj até dezembro de 2018. No período, disputou seis eleições ao cargo no Estado, uma a prefeito do Rio, em 2016, e a vaga ao Senado, no último ano. Além do uso eleitoral, investigadores analisam em sigilo possível enriquecimento ilícito dos envolvidos e prática de agiotagem com os recursos arrecadados por Queiroz.
O foco do MP são as campanhas de Flávio, mas o aprofundamento das análises alcança indiretamente contas eleitorais do PSL, do PP e do PSC – partidos pelos quais Flávio disputou os pleito – e se aproxima também da estrutura política da família Bolsonaro, incluindo a do presidente.