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Tribunal derruba liminar que suspendia leilões de concessão de escolas em SP

O leilão do Lote Leste, marcado para a próxima segunda-feira, 4, está liberado para ocorrer

Tarcísio: governador durante o leilão do Lote Oeste de escolas (Pablo Jacob/Governo do Estado de SP/Flickr)
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 31 de outubro de 2024 às 20h31.

Última atualização em 31 de outubro de 2024 às 20h32.

Opresidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Fernando Antonio Torres Garcia, derrubou nesta quinta-feira, 31, a liminar que suspendeu os leilões para parceria público-privada (PPP) voltada à construção e manutenção de 33 escolas estaduais paulistas.

Após a Procuradoria Geral do Estado (PGE) entrar com um recurso, Torres Garciadecidiu que estava suspensa a decisão de primeiro grau para evitar a grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.

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O presidente do TJ-SP afirmou aindaque os efeitos de sua decisão valem até reapreciação da matéria em segundo grau.

Com a decisão, o leilão realizado na terça-feira, arrematado pelo consórcio Novas Escolas Oeste SP, liderado pela Engeform Engenharia Ltda, que vai construir e administrar 17 escolas, voltou a ter validade.

O leilão do Lote Leste, marcado para a próxima segunda-feira, 4, está liberado para ocorrer. Como mostrou a EXAME, o governo recebeu três propostas para o próximo leilão.

Na véspera, ojuiz Luís Manuel Fonseca Pires, da 3ª Vara da Fazenda Públicaatendeua uma ação cível pública movida pelo sindicato dos professores de São Paulo (Apeoesp).

O magistrado determinou a suspensão imediata dos efeitos do leilão realizado no dia 29 de outubro, que tratava do Lote Oeste, e a interrupção do leilão previsto para 4 de novembro, que abrangeria o Lote Leste.

Na sentença, o juiz questionou a viabilidade de separar a gestão física das escolas da atividade pedagógica. Segundo ele, tal modelo compromete a autonomia pedagógica ao fragmentar a gestão democrática, princípio constitucional que rege a educação pública.

A EXAME apurou que a decisão já era esperada pelo governo Tarcísio. O entendimento do entorno do governador é que questionamentos sobre concessões para empresas privadas acontecem com frequência no país.

Aliados citam como exemplo quando o Tribunal de Justiça também suspendeu o leilão do Rodoanel Norte em março de 2023, nos primeiros meses do governo. A liminar foi derrubada e o certame foi realizado um dia depois.

Outro ponto que tranquilizava os auxiliares é que já existe uma concessão parecida no Brasil em operação. Em Belo Horizonte, a InovaBH venceu um licitação pública para construir e administra 55 escolas municipais. A primeira unidade começou a funcionar em outubro de 2013.

A gestão defende que o concessionário não vai interferir na gestão pedagógica e por isso a autonomia dos professores não estará comprometida com o modelo.

Projeto prevê 33 escolas concedidas

O projeto inteiro prevê um total de 33 escolas concedidas. A gestão estadual dividiu os lotes para diluir o risco para os parceiros privados que vão entrar nas operações. Os investimentos serão de R$ 2,1 bilhões ao longo dos 25 anos da concessão.

O governo Tarcísio afirma que as empresas não poderão contratar professores, interferir na gestão pedagógica nem estipular metas para as escolas, tarefas que continuarão a cargo da Secretaria de Educação.

Na defesa do projeto, o governo do estado afirma que a concessão de novas escolas tem como objetivo melhorar e modernizar a infraestrutura das unidades da rede estadual, além de “liberar” os diretores de questões administrativas.

Hoje, o Brasil tem apenas projeto de concessão de escolas em operação, das unidades de Ensino da Rede Municipal de Educação Básica - Umei, em Belo Horizonte.

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