Trem-bala pode custar até 45% mais que o previsto
Segundo estudo feito para o Senado, gastos com a obra podem alcançar R$ 50 bilhões; especialista defende investimento em trens de carga
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2011 às 17h10.
Brasília - O custo total do trem de alta velocidade poderá chegar a R$ 50 bilhões, se forem levados em conta imprevistos que podem acontecer durante a obra, como mudanças no traçado por causa de exigências ambientais ou aumento de gastos com perfuração de túneis, por exemplo. Segundo o consultor legislativo do Senado Marcos José Mendes, estudos apontam que o custo desse tipo de obra pode ser, em média, 45% maior que o planejado antes de o empreendimento começar.
O projeto do trem-bala, que deverá ligar as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, foi debatido hoje (12) durante audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado. A obra está orçada em R$ 33 bilhões, dos quais R$ 20 bilhões serão financiados por meio de uma linha de crédito especial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 3 bilhões virão do governo para desapropriações e compensações ambientais. Mais R$ 10 bilhões serão aportados pelos próprios investidores.
Mendes, que produziu artigos técnicos sobre o assunto para o Centro de Estudos da Consultoria do Senado, garante que os gastos governamentais com a obra devem ficar entre R$ 15 e R$ 35 bilhões. Segundo ele, com R$ 20 bilhões, é possível construir uma usina hidrelétrica como Belo Monte, 8,3 mil quilômetros (km) de ferrovias de cargas, ligar 12 milhões de moradias à rede de esgoto ou dobrar a extensão do metrô de uma cidade como São Paulo. “Vale a pena gastar todo esse dinheiro publico construindo o trem-bala?”, perguntou. Ele disse também que o projeto conflita com a política econômica e social do governo federal.
Para o consultor de transportes Joseph Barat, o governo deve investir mais em transporte ferroviário de cargas, em vez de priorizar o de passageiros. “Os congestionamentos na Via Dutra (que liga as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro) não são causados por ônibus ou carros, mas por caminhões, que podem ser substituídos por trens de cargas”. Ele sugeriu que seja implantado gradualmente no país um sistema de transporte misto de cargas e de passageiros.
O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, defendeu o projeto do trem-bala. Ele lembrou que essa tecnologia é a mais adequada para atender à demanda de passageiros no eixo Rio-São Paulo, porque é um serviço seguro, confiável, previsível e de baixo custo. “O Brasil tem que ousar, não podemos ficar a reboque da tecnologia. O trem-bala deverá transportar 32 milhões de passageiros no primeiro ano e chegará a 100 milhões depois de 40 anos.
O superintendente da área de Projetos do BNDES, Henrique Amarante da Costa Pinto, também apresentou argumentos a favor da construção do trem de alta velocidade. Segundo ele, o potencial de passageiros entre Rio de Janeiro e São Paulo é superior ao de outros locais que já adotaram o trem-bala. Pinto também lembrou que os aeroportos e as rodovias da região já estão saturados e que a construção de trens de média velocidade não atenderia às necessidades da população, que está cada vez mais migrando do transporte rodoviário para o aéreo.
Na última semana, a ANTT adiou pela segunda vez o leilão que vai definir os responsáveis pela construção do trem-bala. A licitação, prevista inicialmente para dezembro, já tinha sido adiada para abril, mas só vai ocorrer no dia 29 de julho.
O plenário do Senado deve votar hoje ou amanhã (13) a Medida Provisória 511/10, que autoriza o empréstimo de até R$ 20 bilhões do BNDES ao consórcio que vai construir o trem-bala. O projeto também prevê a criação da Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S/A, vinculada ao Ministério dos Transportes. A MP tranca a pauta de votação da Casa e precisa ser votada até sexta-feira (15), já que seu prazo de validade acaba no domingo (17).
Brasília - O custo total do trem de alta velocidade poderá chegar a R$ 50 bilhões, se forem levados em conta imprevistos que podem acontecer durante a obra, como mudanças no traçado por causa de exigências ambientais ou aumento de gastos com perfuração de túneis, por exemplo. Segundo o consultor legislativo do Senado Marcos José Mendes, estudos apontam que o custo desse tipo de obra pode ser, em média, 45% maior que o planejado antes de o empreendimento começar.
O projeto do trem-bala, que deverá ligar as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, foi debatido hoje (12) durante audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado. A obra está orçada em R$ 33 bilhões, dos quais R$ 20 bilhões serão financiados por meio de uma linha de crédito especial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 3 bilhões virão do governo para desapropriações e compensações ambientais. Mais R$ 10 bilhões serão aportados pelos próprios investidores.
Mendes, que produziu artigos técnicos sobre o assunto para o Centro de Estudos da Consultoria do Senado, garante que os gastos governamentais com a obra devem ficar entre R$ 15 e R$ 35 bilhões. Segundo ele, com R$ 20 bilhões, é possível construir uma usina hidrelétrica como Belo Monte, 8,3 mil quilômetros (km) de ferrovias de cargas, ligar 12 milhões de moradias à rede de esgoto ou dobrar a extensão do metrô de uma cidade como São Paulo. “Vale a pena gastar todo esse dinheiro publico construindo o trem-bala?”, perguntou. Ele disse também que o projeto conflita com a política econômica e social do governo federal.
Para o consultor de transportes Joseph Barat, o governo deve investir mais em transporte ferroviário de cargas, em vez de priorizar o de passageiros. “Os congestionamentos na Via Dutra (que liga as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro) não são causados por ônibus ou carros, mas por caminhões, que podem ser substituídos por trens de cargas”. Ele sugeriu que seja implantado gradualmente no país um sistema de transporte misto de cargas e de passageiros.
O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, defendeu o projeto do trem-bala. Ele lembrou que essa tecnologia é a mais adequada para atender à demanda de passageiros no eixo Rio-São Paulo, porque é um serviço seguro, confiável, previsível e de baixo custo. “O Brasil tem que ousar, não podemos ficar a reboque da tecnologia. O trem-bala deverá transportar 32 milhões de passageiros no primeiro ano e chegará a 100 milhões depois de 40 anos.
O superintendente da área de Projetos do BNDES, Henrique Amarante da Costa Pinto, também apresentou argumentos a favor da construção do trem de alta velocidade. Segundo ele, o potencial de passageiros entre Rio de Janeiro e São Paulo é superior ao de outros locais que já adotaram o trem-bala. Pinto também lembrou que os aeroportos e as rodovias da região já estão saturados e que a construção de trens de média velocidade não atenderia às necessidades da população, que está cada vez mais migrando do transporte rodoviário para o aéreo.
Na última semana, a ANTT adiou pela segunda vez o leilão que vai definir os responsáveis pela construção do trem-bala. A licitação, prevista inicialmente para dezembro, já tinha sido adiada para abril, mas só vai ocorrer no dia 29 de julho.
O plenário do Senado deve votar hoje ou amanhã (13) a Medida Provisória 511/10, que autoriza o empréstimo de até R$ 20 bilhões do BNDES ao consórcio que vai construir o trem-bala. O projeto também prevê a criação da Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S/A, vinculada ao Ministério dos Transportes. A MP tranca a pauta de votação da Casa e precisa ser votada até sexta-feira (15), já que seu prazo de validade acaba no domingo (17).