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Tratar de carreira militar em reforma foi "equívoco", diz membro da CCJ

Parlamentar avalia que "a questão da carreira poderia vir em outro momento

Rubens Bueno: abertura de tratamento diferenciado dentro da reforma vai aumentar a pressão de categorias sobre os deputados (Jefferson Rudy/Agência Senado/Divulgação)

Rubens Bueno: abertura de tratamento diferenciado dentro da reforma vai aumentar a pressão de categorias sobre os deputados (Jefferson Rudy/Agência Senado/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de março de 2019 às 12h45.

Brasília — O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) criticou nesta quinta-feira, 21, a inclusão da reformulação das carreiras dos militares junto com a proposta de reforma da Previdência para a categoria. O deputado, que é integrante da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, primeiro colegiado de tramitação da reforma da previdência, classificou a iniciativa como um "equívoco" que deve dificultar a tramitação do tema no Congresso.

Em nota divulgada nesta quarta, o parlamentar avalia que "a questão da carreira poderia vir em outro momento, em uma discussão separada e não junto com a reforma da Previdência".

Segundo o deputado, a abertura de tratamento diferenciado dentro da reforma da Previdência vai aumentar a pressão de categorias sobre os parlamentares e pode desfigurar o texto apresentado pelo governo.

"O lobby de determinadas categorias, como o Judiciário, já toma conta dos corredores do Congresso Nacional e tende a crescer", diz o parlamentar na nota.

Bueno reclamou ainda da falta de um diálogo mais estreito do governo com o Congresso, o que gera, segundo ele, dificuldades para a tramitação da reforma da previdência. "Ou a reforma é para todo mundo ou não é para ninguém. Se ficarmos estabelecendo uma série de regimes especiais, não chegaremos ao resultado pretendido. No caso dos militares, por exemplo, a mudança proposta, com a criação e ampliação de gratificações incorporadas aos soldos, representará uma economia pequena, de cerca de R$ 10 bilhões em 10 anos. Entendemos que é uma categoria especial, mas a questão de reformulação da carreira deveria ser tratada de forma separada e não junto com a reforma da Previdência", reforçou.

Na avaliação do deputado, o fato de o presidente Jair Bolsonaro ser militar e ter em postos chaves de seu o governo um número grande de integrantes das Forças Armadas acaba sendo um complicado. Bueno disse que fica a impressão de que o presidente está dando tratamento especial na reforma da Previdência justamente para sua categoria.

O deputado se diz um defensor da reforma da Previdência, mas, destaca que "uma reforma que tenha como principal foco o combate aos privilégios e que não acabe criando outros por meio do estabelecimento de categorias especiais".

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