Estiagem afeta o rio Paraíba do Sul na cidade de Barra do Piraí, no estado do Rio de Janeiro (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2015 às 13h48.
São Paulo - Considerada a principal obra para socorrer o Sistema Cantareira a médio prazo, a transposição de água da Bacia do Rio Paraíba do Sul para a Represa Atibainha, um dos reservatórios do manancial em crise, corre o risco de não entrar em operação assim que for concluída. A previsão é março de 2016.
Em reunião ontem (16) em Brasília, o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, e representantes dos governo de São Paulo, Rio e Minas Gerais, aprovaram um relatório no qual ficou definido que a transferência de água da Represa Jaguari, em Igaratá, interior paulista, para o Cantareira, só poderá ser iniciada após a recuperação da Bacia do Rio Paraíba do Sul.
A exemplo do Cantareira, a bacia que abastece mais de 10 milhões de pessoas no Rio, incluindo a capital fluminense, atravessa a pior seca de sua história. Ontem (16), o nível dos quatro reservatórios que formam a Bacia do Rio Paraíba chegou a apenas 2% da capacidade. Além da região metropolitana do Rio, a bacia atende cidades do Vale do Paraíba, em São Paulo, e trecho de Minas, somando 15 milhões de pessoas.
Segundo o Estado apurou, a transposição de água deve ser liberada quando a bacia do Paraíba voltar a registrar ao menos 25% da capacidade de armazenamento, índice alcançado pela última vez no fim de julho do ano passado. A exigência faz parte de acordo fechado ontem (16) que definiu novas regras de operação dos reservatórios do Paraíba do Sul para garantir mais segurança hídrica.
Mesmo que a Represa Jaguari, que ontem (16) estava com 2,4% da capacidade, se recupere antes dos demais reservatórios da bacia, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) não poderá fazer a transposição de 5 mil litros por segundo para a Atibainha, que ontem (16) estava com apenas 4,3% da capacidade, considerando a segunda cota do volume morto.
A transposição foi anunciada por Alckmin em março de 2014, com prazo de conclusão de 14 meses e custo de R$ 500 milhões. A proposta causou uma briga com o governo do Rio e o acordo só foi fechado após as eleições. Uma versão final do projeto, agora orçado em R$ 830 milhões, deve ser apresentada no próximo mês. A obra receberá recursos do governo federal e Alckmin tenta a aprovação de um regime de urgência para acelerar a licitação.