Tropa de Choque da Polícia Militar entra em confronto com manifestantes durante protesto no Rio (REUTERS/Ricardo Moraes)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2014 às 19h10.
Rio - Uma traição amorosa na cúpula da organização rotulada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de quadrilha armada ajudou os investigadores a apurar como agia o grupo responsabilizado pelo comando dos protestos violentos que ocorreram no Rio a partir de junho de 2013.
Líder dos manifestantes, Elisa Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, é acusada em depoimento de ter roubado o companheiro da ativista Anne Josephine Louise Marie Rosencrantz.
Em represália, a traída traiu: relatou à polícia as articulações e os atos praticados pelos mascarados, como a tentativa de incendiar a Câmara de Vereadores.
O depoimento da estudante Anne Josephine, 21 anos, foi prestado na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática em 11 de junho deste ano, na condição de testemunha.
Ela contou manter relacionamento antigo com Luiz Carlos Rendeiro Júnior, o Game Over, de 25, indiciado que teve a ordem de prisão revogada pela Justiça anteontem. O casal tem um filho de dois anos.
Desde o ano passado Game Over namora Sininho. Quando ela foi presa em flagrante em outubro, acusada por depredações, o rapaz apareceu, em fotografias, abraçando-a.
Sininho, chorosa, estava em um ônibus cheio de detidos. Colocou a cabeça e os braços para fora, agarrando-se ao namorado. Ele, do lado de fora, parecia tentar consolá-la.
A divulgação da imagem incomodou Anne Josephine, que contou ter ouvido de Sininho a confirmação do romance com Game Over. "Sininho diz que ela e Game Over tinham um romance revolucionário", declarou a depoente.
O antagonismo entre Sininho e Anne Josephine acirrou-se no decorrer das manifestações. A estudante contou no depoimento que a rival costumava criticá-la.
"Quando começou a frequentar os protestos, Sininho disse que a declarante deveria respeitar a hierarquia do movimento, que teria que conquistar seu espaço e não aproveitar de ser esposa de Game Over", informa a transcrição do depoimento anexado ao volume três do inquérito policial.
Anne Josephine contou à polícia que parte dos manifestantes, entre eles Game Over, impediu que Sininho consumasse o plano de atear fogo ao prédio da Câmara, na Cinelândia (centro do Rio), na noite de 7 de outubro passado.
"Na época em que começaram os atos violentos nos protestos, a declarante viu Sininho mandando manifestantes buscar três galões de gasolina. (...) Viu Sininho subindo a escada da Câmara e alguns manifestantes atrás dela carregando os três galões, de aproximadamente dez litros de gasolina. Alguns manifestantes comentaram que a atitude de Sininho poderia fazer com que eles fossem presos, que isso não havia sido combinado pelos manifestantes."
A depoente disse à polícia que "os galões de gasolina seriam utilizados para incendiar a Câmara" e que "Game Over e outros manifestantes ficaram contra Sininho e mandaram retirar os galões."
Ao final do depoimento, Anne Josephine detalha as funções e o comportamento dos manifestantes apontados pela Polícia Civil como líderes da organização. Afirma ainda ter presenciado o consumo de drogas, como cocaína, pelos membros do grupo.