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The Guardian questiona se a Lava Jato valeu a pena

O jornal britânico mostra em reportagem o desenvolvimento da operação que, na visão do periódico, está fazendo a própria democracia "cambalear" no Brasil

Bandeira do Brasil: opções para quem quer servir a pátria (Ueslei Marcelino/Reuters)

Luiza Calegari

Publicado em 1 de junho de 2017 às 12h42.

Última atualização em 1 de junho de 2017 às 13h16.

São Paulo - Ainda longe de terminar, a operação Lava Jato já é um marco histórico no combate à corrupção no Brasil, segundo o jornal britânico The Guardian.

Em uma longa reportagem, o jornal recupera a história desde o estopim da operação, em 2014, até as mais recentes acusações que atingem o presidente Michel Temer após as delações da JBS.

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Segundo o repórter Jonathan Watts, que assina o texto, a investigação, que partiu de suspeitas sobre doleiros e se estendeu para englobar o coração da Petrobras, da Odebrecht e da vida política do país, vive agora momentos críticos.

Em sua avaliação final, o repórter afirma que a própria independência da investigação está em jogo, com a diminuição dos repasses às entidades responsáveis, que está sendo levada a cabo pelo atual governo de Michel Temer.

Watts avalia: "O Brasil certamente precisava enfrentar a corrupção, que exacerbou a desigualdade e impediu o crescimento econômico. Mas a operação Lava Jato valeu a dor que causou? Ela ajudou a derrubar o PT, mas colocou, em seu lugar, uma administração tão manchada quanto a anterior, só que muito menos disposta a promover a transparência e a independência judicial".

"A Petrobras - a campeã nacional da era Lula - está de joelhos [...] Grandes empresas e políticos tradicionais estão desacreditados. Os eleitores sofrem para encontrar alguém em quem acreditar. Não é só a política que está cambaleando, é a própria república".

No longo prazo, o repórter finaliza, há quem acredite que a Lava Jato vai transformar o Brasil em um país mais justo.

Mas, na análise dele, o risco é que a operação abale de morte a já frágil democracia do país, abrindo caminho para uma "teocracia evangélica de direita" ou um retorno das ditaduras.

Mais importante do que quem cai na Lava Jato, para o The Guardian, é quem entra no lugar.

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