Terrenos no ABC paulista ligam Bumlai a fornecedor do PT
Em 2007, a família Demarchi, cujos integrantes são amigos do ex-presidente, fez uma "doação em pagamento" a Bumlai com 11 terrenos
Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2015 às 14h07.
Brasília - Preso e acusado pelo Ministério Público Federal de fraudar empréstimos para quitar dívidas do PT , o empresário José Carlos Bumlai apareceu numa transação imobiliária em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que teve como beneficiário final o segundo maior fornecedor da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff .
O negócio envolve pessoas próximas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva .
Em 2007, a família Demarchi, cujos integrantes são amigos do ex-presidente, fez uma "doação em pagamento" a Bumlai com 11 terrenos avaliados entre R$ 170 mil e R$ 730 mil.
Dados cartoriais mostram que, a partir de 2010, ele começou a revender os lotes pelos mesmos valores a Carlos Roberto Cortegôso - em 2014, ele assumiu ser o verdadeiro dono da Focal Comunicação, que faturou R$ 24 milhões na campanha de Dilma daquele ano.
O nome de Cortegôso veio à tona depois que técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontaram como irregulares as notas fiscais da Focal apresentadas na prestação da campanha do PT após a vitória de Dilma.
Em seguida, descobriu-se que a empresa tinha entre seus sócios um motorista. Para tentar acabar com a polêmica, Cortegôso apresentou-se na sequência como o responsável pela empresa, que tinha como controladora sua filha, Carla Regina Cortegôso.
A Focal já havia sido citada no escândalo do mensalão pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado pelo Supremo Tribunal Federal como operador do esquema.
Em 2005, ele apresentou à CPI dos Correios uma lista de beneficiários do mensalão da qual faziam parte a Focal e Carla Regina.
Recentemente, uma outra empresa de Carlos Roberto Cortegôso - a CRLS Consultoria e Eventos - foi citada na Operação Lava Jato.
A CRLS apareceu em meio às investigações relacionadas ao braço do esquema no Ministério do Planejamento.
A 18ª fase da Lava Jato investigou desvio de R$ 52 milhões.
Desse total, R$ 37 milhões foram arrecadados pelo operador Alexandre Romano.
Em depoimento feito em delação premiada, ele contou que fez depósitos na conta da CRLS a pedido do ex-ministro Luiz Gushiken (morto em 2013).
'Sociedade'
A CRLS é a empresa para a qual Bumlai transferiu sete dos 11 terrenos recebidos da família Demarchi.
Mais conhecido como pecuarista em Mato Grosso do Sul e pela amizade com Lula, Bumlai não frequentava São Bernardo do Campo.
Mas ficou com terrenos da tradicional família Demarchi, cujo maior negócio sempre foi o restaurante São Judas Tadeu, situado na mesma cidade.
As operações ganharam contornos mais suspeitos quando Carlos Cortegôso passou a oferecer terrenos apresentando-se como "sócio de Bumlai".
O comerciante José Nildo Lopes comprou um dos terrenos do empresário por intermédio de Cortegôso, conhecido como Carlão.
"Ele me disse: o terreno é meu, só que não está no meu nome. Você me dá o dinheiro que, em dez dias, o terreno passa para o seu nome", disse Lopes ao Estado. "O Carlão me falou que o (restaurante) São Judas devia para o Bumlai."
No começo dos anos 1980, o PT e o Sindicato dos Metalúrgicos usavam o restaurante para festas, confraternizações e encontros.
Neste ano, amigos de Lula haviam marcado no São Judas a festa de 70 anos do presidente. Antes de virar prestador de serviços do PT, Cortegôso foi garçom em outro restaurante da família Demarchi, o Florestal, que também era frequentado por Lula.
Negócio privado
Carlos Roberto Cortegôso afirmou que fez um "negócio privado" e que "não há nenhuma irregularidade". Ele ressaltou que nunca foi amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Falei poucas vezes com ele", disse.
Cortegôso também negou ser sócio de Bumlai. "Quem me dera se eu fosse", completou. Disse, ainda, que o comerciante José Nildo Lopes mentiu sobre a negociação. "Não teve nada daquilo que ele disse. Eu tentei ajudá-lo Esse rapaz é um estelionatário", completou.
Procurado pela reportagem, o advogado de José Carlos Bumlai, Arnaldo Malheiros, afirmou que seu cliente revendeu os terrenos pelo mesmo preço que comprou - sem correção ou reajuste - porque estava precisando de dinheiro.
A família Demarchi explicou que os terrenos foram "dados em pagamento" a Bumlai depois que o empresário quitou uma dívida do restaurante com um banco.
Brasília - Preso e acusado pelo Ministério Público Federal de fraudar empréstimos para quitar dívidas do PT , o empresário José Carlos Bumlai apareceu numa transação imobiliária em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que teve como beneficiário final o segundo maior fornecedor da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff .
O negócio envolve pessoas próximas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva .
Em 2007, a família Demarchi, cujos integrantes são amigos do ex-presidente, fez uma "doação em pagamento" a Bumlai com 11 terrenos avaliados entre R$ 170 mil e R$ 730 mil.
Dados cartoriais mostram que, a partir de 2010, ele começou a revender os lotes pelos mesmos valores a Carlos Roberto Cortegôso - em 2014, ele assumiu ser o verdadeiro dono da Focal Comunicação, que faturou R$ 24 milhões na campanha de Dilma daquele ano.
O nome de Cortegôso veio à tona depois que técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontaram como irregulares as notas fiscais da Focal apresentadas na prestação da campanha do PT após a vitória de Dilma.
Em seguida, descobriu-se que a empresa tinha entre seus sócios um motorista. Para tentar acabar com a polêmica, Cortegôso apresentou-se na sequência como o responsável pela empresa, que tinha como controladora sua filha, Carla Regina Cortegôso.
A Focal já havia sido citada no escândalo do mensalão pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado pelo Supremo Tribunal Federal como operador do esquema.
Em 2005, ele apresentou à CPI dos Correios uma lista de beneficiários do mensalão da qual faziam parte a Focal e Carla Regina.
Recentemente, uma outra empresa de Carlos Roberto Cortegôso - a CRLS Consultoria e Eventos - foi citada na Operação Lava Jato.
A CRLS apareceu em meio às investigações relacionadas ao braço do esquema no Ministério do Planejamento.
A 18ª fase da Lava Jato investigou desvio de R$ 52 milhões.
Desse total, R$ 37 milhões foram arrecadados pelo operador Alexandre Romano.
Em depoimento feito em delação premiada, ele contou que fez depósitos na conta da CRLS a pedido do ex-ministro Luiz Gushiken (morto em 2013).
'Sociedade'
A CRLS é a empresa para a qual Bumlai transferiu sete dos 11 terrenos recebidos da família Demarchi.
Mais conhecido como pecuarista em Mato Grosso do Sul e pela amizade com Lula, Bumlai não frequentava São Bernardo do Campo.
Mas ficou com terrenos da tradicional família Demarchi, cujo maior negócio sempre foi o restaurante São Judas Tadeu, situado na mesma cidade.
As operações ganharam contornos mais suspeitos quando Carlos Cortegôso passou a oferecer terrenos apresentando-se como "sócio de Bumlai".
O comerciante José Nildo Lopes comprou um dos terrenos do empresário por intermédio de Cortegôso, conhecido como Carlão.
"Ele me disse: o terreno é meu, só que não está no meu nome. Você me dá o dinheiro que, em dez dias, o terreno passa para o seu nome", disse Lopes ao Estado. "O Carlão me falou que o (restaurante) São Judas devia para o Bumlai."
No começo dos anos 1980, o PT e o Sindicato dos Metalúrgicos usavam o restaurante para festas, confraternizações e encontros.
Neste ano, amigos de Lula haviam marcado no São Judas a festa de 70 anos do presidente. Antes de virar prestador de serviços do PT, Cortegôso foi garçom em outro restaurante da família Demarchi, o Florestal, que também era frequentado por Lula.
Negócio privado
Carlos Roberto Cortegôso afirmou que fez um "negócio privado" e que "não há nenhuma irregularidade". Ele ressaltou que nunca foi amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Falei poucas vezes com ele", disse.
Cortegôso também negou ser sócio de Bumlai. "Quem me dera se eu fosse", completou. Disse, ainda, que o comerciante José Nildo Lopes mentiu sobre a negociação. "Não teve nada daquilo que ele disse. Eu tentei ajudá-lo Esse rapaz é um estelionatário", completou.
Procurado pela reportagem, o advogado de José Carlos Bumlai, Arnaldo Malheiros, afirmou que seu cliente revendeu os terrenos pelo mesmo preço que comprou - sem correção ou reajuste - porque estava precisando de dinheiro.
A família Demarchi explicou que os terrenos foram "dados em pagamento" a Bumlai depois que o empresário quitou uma dívida do restaurante com um banco.