O empresário Augusto Mendonça Neto, da Toyo Setal, durante depoimento na CPI da Petrobras (Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados)
Da Redação
Publicado em 23 de abril de 2015 às 18h01.
Brasília - Durou sete horas o depoimento do empresário Augusto Mendonça Neto, da Toyo Setal, primeiro empreiteiro a depor aos parlamentares da CPI da Petrobras.
Durante a oitiva, o empresário disse que a propina era dada aos diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Renato Duque (Serviços) e ao ex-gerente Pedro Barusco (Serviços).
Segundo ele, o dinheiro era repassado pelos empresários para que os funcionários não "atrapalhassem" os negócios com a estatal.
Mendonça também confirmou doações ao PT e disse que se reuniu várias vezes com o ex-tesoureiro João Vaccari Neto. Ele foi apresentado ao doleiro Alberto Youssef pelo ex-deputado José Janene e reafirmou que os pagamentos eram feitos via depósito ou diretamente ao doleiro.
O empresário disse que pagou mais de R$ 100 milhões em propina. Em sua avaliação, a corrupção era "generalizada" na diretoria de Serviços.
Na última parte do depoimento à CPI, Mendonça disse que esteve algumas vezes com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que conversou com os candidatos à Presidência da República em 2010, inclusive com a então candidata Dilma Rousseff.
As conversas, de acordo com ele, foram sobre a indústria naval. Ao final, o empresário disse que sua empreiteira está participando do acordo de leniência - que já fez reuniões com a Controladoria Geral da União (CGU) - e disse que a Petrobrás "não pode ser contaminada por um problema com dois diretores".