Tereza Cristina: "Acredito, sou uma otimista, que o Brasil tem muito a dar. Mas este acordo também é muito bom para os países europeus" (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 12h08.
Um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul poderia ser assinado em 2021, disse a ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, nesta quinta-feira, ao citar quais são as prioridades do Brasil para ganhar mercados agropecuários no ano que vem.
"Acredito, sou uma otimista, que o Brasil tem muito a dar. Mas este acordo também é muito bom para os países europeus. Acredito que, este acordo, temos grande chance de assinar em 2021, sob o comando de Portugal no Parlamento da União Europeia", afirmou ela, durante evento online.
Ela lembrou que o acordo preliminar já foi todo revisado, traduzido para as diversas línguas e deve, no próximo ano, ser debatido nos parlamentos europeus e dos países do Mercosul.
O acordo comercial UE-Mercosul, contudo, enfrenta algumas dificuldades na Europa.
A França e a Irlanda ameaçaram votar contra o acordo comercial a não ser que o Brasil adote uma postura mais favorável a questões ambientais.
Em setembro, o governo francês disse que um novo relatório sobre desmatamento confirmou sua oposição à atual versão do acordo UE-Mercosul.
A ministra Tereza afirmou ainda que em 2021 o Brasil também deverá avançar em acordo comercial com Canadá e continuará trabalhando em abertura de mercados.
As afirmações foram feitas em entrevista durante evento promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Soja e a Corteva Agriscience, transmitido pelo Canal Rural.
A ministra disse ainda que as linhas de crédito de investimento dentro do Plano Safra tiveram um "esgotamento" e que está buscando mais recursos.
"Estamos conversando, tem um momento fiscal complicado, o Congresso ainda não aprovou a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)... estamos vendo o que é possível fazer neste ano ou no ano que vem", afirmou ela, sobre a possibilidade de conseguir mais recursos.
"Isso é um bom problema (o esgotamento dos recursos para investimentos), porque demonstra que o setor quer investir, demonstra a confiança de que o setor vai continuar com exportações grandes, abastecimento aquecido, com o agro trabalhando e sendo remunerado", afirmou.
Questionada sobre iniciativas para aliviar preços de alimentos, como medidas tributárias, ela disse que o Brasil estuda eventualmente isenções de taxas para importações de outros produtos, além de soja, milho e arroz, mas não detalhou.
"Estamos estudando sim outros produtos, mas não quer dizer que teremos que fazer, não existe nada mostrando que teremos de importar mais nada", declarou ela, pontuando que o Brasil, grande exportador agrícola, precisa se acostumar com importações de alimentos em um mercado dinâmico.
"Se tivesse uma seca maior, acredito que não teremos esse problema, temos essa ferramenta", concluiu.
Ela citou a chegada de um navio de soja dos EUA ao porto de Paranaguá e acrescentou que outros com milho estão começando a chegar, sem especificar a origem do cereal.
A ministra afirmou ainda que o país tem importado grãos por meio do modal rodoviário, a partir de países do Mercosul, como o Paraguai.