Youssef: doleiro foi acusado de ser o principal operador de propinas no bilionário esquema de corrupção na Petrobras (Valter Campanato/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de abril de 2019 às 09h17.
São Paulo — O doleiro Alberto Youssef, emblemático personagem e segundo delator da Operação Lava Jato (depois de Paulo Roberto Costa, ex-dirigente da Petrobras), informou à Justiça que tem "estudado o mercado financeiro", está "cuidando da saúde" e concluindo seu livro. O relato faz parte de uma obrigação do doleiro com a Justiça. A "prestação de contas" é apresentada bimestralmente.
"Em razão das limitações de horário, viagens, finais de semana e feriados pela Justiça e pelo Poder Judiciário, não tenho exercido nenhuma atividade laborativa além de atender os compromissos oficiais com o MPF, MP e JF, comparecendo as audiências e depoimentos", relatou o doleiro em 15 de março, referindo-se ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público e à Justiça Federal.
"Tenho estudado o mercado financeiro por um bom tempo do dia. Trabalhando em término do livro com jornalista que o escreve. Cuidando da saúde em virtude do problema cardíaco. Médico, exames etc."
Youssef cumpre pena em regime aberto desde 17 de março de 2017. O delator já havia passado 3 anos em regime fechado em Curitiba, base da Lava Jato.
No dia 2 de abril, o Ministério Público Federal se manifestou favorável ao livramento condicional de Youssef. "Cumprida pelo apenado essa fase da execução das penas que lhe foram cominadas, sem registros de violações relevantes no período de monitoramento eletrônico, o Ministério Público Federal manifesta-se pelo deferimento a Alberto Youssef do livramento condicional", afirmou a Procuradoria.
O doleiro foi acusado de ser o principal operador de propinas no bilionário esquema de corrupção na Petrobras. As revelações de Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, transformaram as investigações sobre duas obras de refinarias da estatal - Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, e Getúlio Vargas (Repar), no Paraná - no maior escândalo de corrupção do País - provocando ainda uma enxurrada de delações.
Pelo acordo de delação, Youssef não poderá voltar à vida de crimes por um prazo de 10 anos, ficando sujeito a responder aos processos e às penas que lhe forem imputadas na Lava Jato - 122 anos de cadeia.
Após essas 10 anos, se for pego cometendo novo delito, também voltará a responder às ações da Lava Jato sobre crimes que ainda não tenham prescrito. O doleiro devolveu cerca de R$ 50 milhões.