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Para barrar denúncia, Temer tenta atrair deputados ao PMDB

A ideia é evitar a ampliação dos quadros do DEM, partido do primeiro na linha sucessória ao Palácio do Planalto, Rodrigo Maia (RJ)

Michel Temer: as conversas passam por afagos aos deputados para obter votos contra a denúncia (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de julho de 2017 às 17h43.

Última atualização em 18 de julho de 2017 às 18h23.

Brasília - O presidente Michel Temer (PMDB) entrou no corpo a corpo nesta terça-feira, 18, para atrair parlamentares ao PMDB em disputa pelo DEM.

A ideia é evitar a ampliação dos quadros do DEM, partido do primeiro da linha sucessória ao Palácio do Planalto, Rodrigo Maia (RJ), que surgiu antes da votação na Comissão de Constituição (CCJ) da Câmara, quando ainda se temia que o presidente pudesse ser derrotado na admissibilidade da denúncia do procurador da República, Rodrigo Janot.

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Depois de ter recebido o deputado Danilo Forte (PSB-CE) no gabinete na segunda-feira, 17, nesta terça, 18, Temer se encontrou novamente com ele e outros quatro deputados dissidentes do PSB, na casa da líder da agremiação na Câmara, Teresa Cristina (MS), para um café da manhã que durou uma hora e 30 minutos.

A bancada tem 37 deputados e cinco senadores.

Esse movimento já havia surgido na semana passada, quando deputados e senadores do PSB começaram a agir em bloco, demonstrando o incômodo em permanecer na legenda por estarem votando contra orientação da sigla e a favor do governo.

"O presidente disse-nos que o PMDB está de portas abertas e que seria muito bom se pudéssemos nos juntar a eles", afirmou Cristina, ao relatar à reportagem o que Temer disse aos pessebistas.

Ela lembrou que pouco menos da metade dos 37 integrantes da Casa se rebelou em relação às orientações do PSB e tem ficado ao lado do presidente nas votações.

O partido tem hoje um ministro, das Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho, que integra a ala insatisfeita com a legenda.

Cristina disse que todos ainda conversam com a sigla e que não há como acontecer uma saída em bloco porque existem "muito problemas regionais" a serem resolvidos e "cada caso é um caso".

Cortejo

Por isso mesmo, prosseguiu, "não se trata de debandada do partido". Segundo a líder do PSB na Câmara, 12 agremiações já procuraram os dissidentes do PSB, mas ainda há disposição de conversar com o próprio partido.

"Estamos sendo muito procurados", afirmou Cristina, que acrescentou, no entanto, que, no encontro entre Temer e os parlamentares, não se tratou só disso, mas da necessidade de facilitação das regras tributárias.

Os próprios congressistas já se mobilizavam há algumas semanas e o movimento para tentar atraí-los para o PMDB passou também pelo presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), que, ao assumir em exercício a Presidência da República, no dia 6, quando Temer foi à Europa participar do G-20, recebeu o senador Roberto Rocha (PSB-MA), que também pensa em deixar o partido e indicou que poderia ir para o DEM.

Acabou cortejado também pelo PSDB, além do PMDB. Na ocasião, no Planalto, Rocha reuniu-se também com o chefe da Secretaria de Governo da Presidência, Antônio Imbassahy (PSDB).

As conversas de Temer com os parlamentares também passam por afagos aos deputados para obter votos contra pedido de investigação da PGR contra Temer.

Mesmo em fase de início de recesso legislativo, o Palácio do Planalto recebeu nos dois últimos dias um grande número de deputados e senadores e líderes partidários, que se reuniram não só com Temer, mas também com os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, da Secretaria-Geral, Moreira Franco, e de Governo.

Mudança

Depois da reunião com Temer, a líder do PSB também esteve com o presidente da Câmara, em sua residência oficial, em Brasília.

Mesmo em recesso, Maia tem permanecido em Brasília, inclusive nos fins de semana, e trouxe sua família de mudança para a capital. Quer estar mais presente em Brasília durante este momento de conturbação política.

Na quinta-feira, 20, Maia assume mais uma vez a cadeira de Temer no Planalto, durante viagem que o presidente fará a Mendoza, na Argentina, para participar de reunião no Mercosul.

Maia, que sempre foi considerado um aliado fiel de Temer, no momento, está meio afastado do presidente.

No Planalto, há uma certa desconfiança com vários movimentos do presidente da Câmara, que será o principal beneficiado caso Temer seja afastado do governo, por causa das denúncias de Janot.

Em meio a essas articulações, Temer ainda sofre pressão do Centrão, que quer ampliar o espaço no Ministério. O principal alvo é o Ministério das Cidades, que está com Bruno Araújo (PSDB).

Mas, mesmo com votos contrários dos tucanos, o presidente não quer criar nenhuma nova rusga com o partido e tem dito que não vai mexer nos ministérios, pelo menos, por enquanto.

Temer sabe que, mesmo com dissidências tucanas, o partido ainda dá muitos votos ao governo, inclusive em reformas importantes.

Ao invés de mexer na Esplanada, a ideia inicial de Temer seria tentar negociar o Ministério da Cultura, em um primeiro momento.

Há uma pressão, por exemplo, do PTB, que gostaria de ocupar uma pasta com a deputada Cristina Brasil, filha de Roberto Jefferson, condenado pelo mensalão.

Nos demais partidos do chamado Centrão, embora estejam pleiteando ampliação de espaço, o entendimento é de que todos que fecharam questão têm importantes ministérios.

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