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Temer: o Brasil tem pressa

A crise é grave, o tempo é curto e o governo, felizmente, não resolverá o problema sozinho. Essa foi a mensagem do presidente da República Michel Temer na abertura do EXAME Fórum 2016, que reúne nesta sexta-feira, em São Paulo, os principais empresários, investidores, políticos e pensadores do país. Ao relembrar números já conhecidos da […]

TEMER: ideia é reduzir valores de ingresso no serviço público; pressão para reduzir gastos com pessoal é grande, mas governo deve enfrentar forte resistência / Germano Lüders

TEMER: ideia é reduzir valores de ingresso no serviço público; pressão para reduzir gastos com pessoal é grande, mas governo deve enfrentar forte resistência / Germano Lüders

DR

Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2016 às 11h52.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h26.

A crise é grave, o tempo é curto e o governo, felizmente, não resolverá o problema sozinho. Essa foi a mensagem do presidente da República Michel Temer na abertura do EXAME Fórum 2016, que reúne nesta sexta-feira, em São Paulo, os principais empresários, investidores, políticos e pensadores do país. Ao relembrar números já conhecidos da economia do país, com 12 milhões de desempregados e um déficit público em 2016 de quase 200 bilhões de reais, Temer afirmou: “não quero assustá-los, quero motivá-los para que, juntos, possamos sair dessa crise”.

Ao lançar um apelo aos empresários, Temer dá um sinal diferente do que se via até então no governo Dilma Rousseff: o setor privado não será repelido ou tratado como um vilão, pelo contrário, é visto como um parceiro essencial para a recuperação do emprego e do crescimento.

Mas, é claro, investidores e empreendedores só voltarão a apostar no Brasil se os sinais de como o país andará pelos próximos anos forem claros. Nesse sentido, Temer fez questão de reforçar a importância da aprovação da PEC do Teto dos gastos públicos, a mãe de todas as suas propostas. “Temos como missão inocular uma vacina contra o populismo fiscal. Essa é uma tarefa que o momento histórico exige”, afirmou.

“O poder público não pode fazer tudo sozinho”, disse. “Não queremos o Estado mínimo, nossas demandas sociais são muitas, mas também não queremos um Estado pesado. Queremos um Estado que garanta a igualdade de oportunidade”.

“O empreendedor, todos nós sabemos, é um criador de possibilidades. O Estado tem consciência do papel fundamental do setor privado. O poder público não pode fazer tudo sozinho”, disse o presidente.

O presidente seguiu no apelo aos empresários, ao pedir que exerçam seu poder de convencimento sobre a opinião pública e também a parlamentares para a aprovação da PEC. Para ajudar em seu pedido, Temer disse algo que é um deleite para os ouvidos de empreendedores do país: com a aprovação da PEC, não será preciso criar novos tributos.

A mensagem foi bem recebida. “Finalmente, temos um governo”, diz Fernando Borges, sócio do fundo de investimentos Carlyle no Brasil. “Foi bom ouvir o presidente apresentar de forma realista a situação do país. Ele usou várias vezes a palavra imprescindível para ações e reformas necessárias”, afirma Paolo Dal Pino, presidente da fabricante de pneus Pirelli para a América Latina. “Agora, além das palavras, tem que agir. O Congresso precisa assumir sua responsabilidade. Há uma oportunidade, com as reformas, para retomarmos o crescimento”.

A má notícia é que, embora a PEC dos gastos tenha altas chances de ser aprovada ainda este ano, o mesmo não pode se dizer das demais reformas pretendidas pelo governo. “No curto prazo, este ano, as reformas não devem encontrar resistência. A PEC 241, do teto de gastos, está aí incluída. A partir do ano que vem, quando a economia já tiver entrado nos eixos, os problemas aumentam. Há um risco de complacência, e haverá grandes dificuldades de aprovar a reforma da Previdência. O risco é que muito rapidamente o foco se volte para as eleições de 2018”, afirmou Cristopher Garman chefe de pesquisa para mercados emergentes da consultoria Eurasia, em apresentação seguinte ao do presidente no EXAME Fórum.

O prenúncio das eleições é, para Garman, uma das grandes barreiras às reformas que o país desesperadamente precisa. No radar, há um número fundamental para a popularidade, que não está nas mãos do governo: o desemprego. Por mais eficiente que seja a gestão econômica e fiscal, ele vai continuar a crescer e permanecerá alto em 2018. “Vamos, portanto, entrar em 2018 com um desejo de mudança. Esse governo terá dificuldade e cacife eleitoral de fazer o seu sucessor”, diz Garman. “A eleição estará completamente aberta. Este ciclo municipal pode trazer lições importantes. Vai escancarar que temos uma fragmentação partidária crescente no país, e escancarar as dificuldades”,

Nesta seara, Temer fez questão de destacar que não está preocupado com 2018. “Troco popularidade por crescimento econômico”, afirmou. De concreto, por enquanto, apenas sua decisão de não usar mais mesóclise. “Estava sendo mal interpretado”. Não deixa de ser um sinal de que o presidente está disposto a ouvir. Que as reformas fundamentais para o crescimento econômico sigam no mesmo caminho.

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