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Temer fez intervenção pensando em se reeleger, diz Lula

"Ninguém pode ser contra uma tomada de posição emergencial para diminuir a violência no Rio, mas isso não pode ser feito dessa forma estabanada", afirmou

Luiz Inácio Lula da Silva: "O Exército passou um ano na favela da Maré e quando saíram os problemas voltaram" (André Coelho - Bloomberg/Bloomberg)

Luiz Inácio Lula da Silva: "O Exército passou um ano na favela da Maré e quando saíram os problemas voltaram" (André Coelho - Bloomberg/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 14h59.

São Paulo - A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro é uma "pirotecnia" criada pelo governo do presidente Michel Temer para tentar reelegê-lo, acusou nesta quarta-feira, 21, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, o líder petista afirmou ainda que não descarta alianças com o MDB nos Estados, uma vez que o partido seria uma "federação de grupos regionais" que não teria sido inteiramente favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

"Acho que o Temer está encontrando um jeito de ser candidato à Presidência da República. E acho que ele achou que a segurança pública pode ser uma coisa muito importante para ele pegar um nicho de eleitores do Bolsonaro", afirmou Lula, que está na capital mineira para um evento de comemoração dos 38 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores.

"O Temer sabe que o que tirou a reforma da Previdência da pauta não foi ele nem a intervenção, mas pesquisas mostrando que os deputados não iam votá-la. Então eles pensaram: vamos criar outro espetáculo, e criaram a intervenção no Rio para passar para a sociedade a ideia que iam acabar os problemas", disse.

O petista criticou o uso das Forças Armadas, afirmando que elas não foram preparadas para esse tipo de tarefa. "O Exército passou um ano na favela da Maré e quando saíram os problemas voltaram", disse, criticando ainda o fato de não existir um plano anunciado para a intervenção.

"Obviamente ninguém pode ser contra uma tomada de posição emergencial para ajudar a diminuir a violência no Rio, mas isso não pode ser feito dessa forma estabanada, pensando apenas na política", afirmou.

Eleições

Questionado a expectativa que tem quanto aos recursos apresentados por sua defesa no Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF-4) e no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar postergar a execução de sua prisão, Lula se disse "tranquilo" e que não começou a discutir "plano B ou C" porque acredita em sua absolvição. Ele ainda afirmou que não vê problemas em buscar alianças com o MDB nos Estados.

"Não existe essa de PMDB nunca mais, isso é bobagem. O PMDB em Minas Gerais é sustentáculo do governo do petista Fernando Pimentel, grande parte dele se colocou contra o impeachment da Dilma", avaliou o ex-presidente. "O PMDB não é um partido nacional, mas uma federação de grupos regionais. Cada Estado é um PMDB", acrescentou, criticando ainda aqueles que dizem que nunca irão abandonar seus princípios em função da construção de um projeto eleitoral viável. "Tenho que construir uma aliança que me permita fazer isso melhorar a vida do povo, senão serei o melhor candidato do mundo e não ganharei as eleições."

Lula ainda teceu elogios ao empresário Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas e filho do vice-presidente José Alencar. "Josué é pessoa extraordinária, filho de uma pessoa extraordinária. É um bom quadro", afirmou, para depois contemporizar. "Quando chegar a hora de procurar um vice, vou procurar. Mas obviamente vice é somatória de interesses políticos, econômicos, sociais."

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