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Temer diz que não se preocupa "minimamente" com acusações

Durante uma entrevista em Nova York, o presidente afirmou que, no Brasil, "a oposição tem uma concepção de que se não está no governo tem que destruí-lo"

Michel Temer: "O que está acontecendo é isso: uma oposição radical" (Adriano Machado/Reuters)
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Reuters

Publicado em 20 de setembro de 2017 às 19h42.

Nova York - O presidente Michel Temer afirmou nesta quarta-feira que as acusações de corrupção que recaem sobre ele precisam ser apuradas, garantiu que não se preocupa "minimamente" com elas e atacou a oposição pelas denúncias que o atingem.

"O que está acontecendo é isso: uma oposição radical. Ela leva às últimas consequências. Mas volto a dizer: essas coisas têm que ser apuradas e eu não me preocupo minimamente com isso", afirmou durante entrevista ao editor-chefe global da Reuters, Steve Adler, no evento Reuters Newsmaker, em Nova York.

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Temer disse que está sendo culpado por associação.

"O que aconteceu comigo foi exatamente isso. Você é presidente da República, da Câmara, vice-presidente, presidente de um partido, você encontra pessoas que tiram fotos com você, recebe bilhetes, pessoas convivem com você, e aí praticam um ilícito qualquer, aí você também é delituoso. Isso está acontecendo com muita frequência no Brasil", disse o presidente.

Para Temer, o papel da oposição deveria ser o de fiscalizar o Executivo. No Brasil, no entanto, disse, a oposição tem uma concepção de que se não está no governo tem que destruir o governo.

Esta foi a primeira vez que Temer se referiu diretamente às investigações contra si abertas pela Procuradoria-Geral da República depois da segunda denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal na semana passada, por obstrução de Justiça e organização criminosa. Durante os dias em Nova York, o presidente havia evitado as perguntas dos jornalistas.

Ao ser questionado por Adler, sobre a imagem que o Brasil tem, de um país em que a corrupção está disseminada, Temer defendeu as instituições brasileiras.

"As instituições estão funcionando regularmente. O Judiciário funciona regulamente, o Legislativo, o Ministério Público. Tanto que quando há essas afirmações elas são apuradas", disse, lembrando em seguida que ele mesmo é investigado.

"Até no meu caso você sabe que há manifestações. Mas essa matéria está toda no Judiciário. Claro que eu digo aqui que são inverdades absolutas, com um certo desejo de que o Brasil está nessa ou aquela posição na corrupção. Mas o fato é que a corrupção está sendo combatida", acrescentou.

Temer defendeu que as informações que surgem do país não devem assustar investidores, ao contrário. Garantiu que as investigações dão mais segurança de que as empresas não precisam se preocupar em serem abordadas.

"Isso envolveu muitas empresas brasileiras, inclusive de grande porte, que se adaptaram com um determinado sistema e tiveram vários prejuízos em função disso", lembrou.

Perguntado se concordava com a tese de que talvez fosse necessária uma grande anistia aos envolvidos em casos de corrupção para que o país pudesse ir adiante, Temer negou.

"Eu acho que devem ser apurados e apurados até o seu final. Verificar que são realmente os praticante de ilícitos e quem não são. Eu acho que a Justiça tem que continuar funcionamento no Brasil, como funciona, se não tira a credibilidade. Se a gente disser agora 'nós vamos fazer uma anistia plena, geral e irrestrita para todos aqueles que eventualmente cometerem ilícitos', isso tira a credibilidade institucional", afirmou.

2018

Apesar de seu partido estar entre os mais atingidos pelas apurações de corrupção no Brasil, Temer disse à Reuters que o PMDB "muito provavelmente" terá um candidato à Presidência em 2018, ou pelo menos terá muita força na formação de uma coligação.

"O PMDB vai ter uma presença política muito forte nas eleições", disse o presidente. "Acho que o país está em um movimento universal. O povo não se importa com rótulos, se importa com resultados."

Temer chegou a comentar a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser candidato. Mas se esquivou de responder se sua candidatura teria viabilidade. "Eu não sei qual será a posição do presidente Lula. Ele tem um índice razoável", disse.

Nas últimas pesquisas, o ex-presidente tem aparecido à frente nas intenções de voto dos eleitores. Mas, condenado em primeira instância no caso de um tríplex, Lula ficará impedido de se candidatar se tiver a sentença confirmada em segunda instância.

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