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Temer diz a jornal que renúncia é "declaração de culpa"

Presidente é alvo de inquérito no STF por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça

Michel Temer: "mantenho a serenidade, especialmente na medida em que eu disse: eu não vou renunciar. Se quiserem, me derrubem" (Igo Estrela/Getty Images)

Michel Temer: "mantenho a serenidade, especialmente na medida em que eu disse: eu não vou renunciar. Se quiserem, me derrubem" (Igo Estrela/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 22 de maio de 2017 às 09h04.

Última atualização em 22 de maio de 2017 às 09h31.

O presidente Michel Temer voltou a afirmar, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada nesta segunda-feira, que não irá renunciar ao mandato, e disse que vai revelar "força política" nas próximas semanas com a votação de projetos importantes no Congresso, apesar de seu governo estar envolto em uma crise.

"Mantenho a serenidade, especialmente na medida em que eu disse: eu não vou renunciar. Se quiserem, me derrubem, porque, se eu renuncio, é uma declaração de culpa", disse o presidente ao jornal, em entrevista no Palácio da Alvorada.

Temer enfrenta a mais grave crise de seu governo, após ter sido gravado pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, em uma conversa cuja divulgação deflagrou grave crise no país.

O presidente é alvo de inquérito no STF por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, em investigação aberta com base em acordo de delação fechado por Joesley. Um pedido de suspensão do inquérito será analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira.

Apesar do turbilhão, Temer disse que dará uma demonstração de força política em votações de matérias importantes no Congresso nas próximas semanas.

"Tenho absoluta convicção de que consigo", disse Temer. "Eu não estou perdido".

As denúncias envolvendo o presidente colocaram o Congresso Nacional e a agenda de reformas em compasso de espera na semana passada, e impuseram a governistas a tarefa de avaliar o cenário após o tranco e buscar estabilizar a base.

No domingo, o presidente ouviu dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), a promessa de que as duas Casas irão manter a normalidade nos trabalhos apesar da crise política, em uma reunião sem a presença de vários líderes da base aliada do governo.

Perguntado na entrevista à Folha se deixaria o cargo caso seja denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), seguindo regra que estabeleceu para seus ministros, Temer disse que não, porque é o chefe do Executivo.

"Os ministros são agentes do Executivo, de modo que a linha de corte que eu estabeleci para os ministros, por evidente não será a linha de corte para o presidente", afirmou o presidente, acrescentando que não irá se afastar voluntariamente.

"Não vou fazer isso (se afastar), tanto mais que já contestei muito acentuadamente a gravação espetaculosa que foi feita. Tenho demonstrado com relativo sucesso que o que o empresário fez foi induzir uma conversa. Insistem sempre no ponto que avalizei um pagamento para o ex-deputado Eduardo Cunha, quando não querem tomar como resposta o que dei a uma frase dele em que ele dizia: 'Olhe, tenho mantido boa relação com o Cunha'".

Temer disse ainda que acredita na fidelidade do PSDB a seu governo até o fim do mandato, em 31 de dezembro de 2018, e minimizou a perda do apoio do PSB e do PPS após a deflagração da crise envolvendo a delação da JBS.

"O PSB eu não perdi agora, foi antes, em razão da Previdência. No PPS, o Roberto Freire veio me explicar que tinha dificuldades. Eu agradeci, mas o Raul Jungmann, que é do PPS, está conosco."

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